Enquanto Eduardo insiste em anistia nos EUA, Centrão costura saída para Bolsonaro com redução de pena e negociação por prisão domiciliar
Por Sandra Venancio – José Cruz/Agencia Brasil
Em meio às queixas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior, que insiste na “anistia ampla, geral e irrestrita”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já teria dado sinal verde a um acordo costurado pelo Centrão para reduzir sua pena de prisão. A proposta, relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), pode derrubar a condenação de 27 anos e 3 meses para, no máximo, 3 anos — desde que cumpridos em regime domiciliar.
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Paulinho deve se reunir na segunda-feira (6) com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-SP), para apresentar o rascunho do texto e tentar pautar a votação já na quarta (8). O projeto nasceu de um jantar com os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB), e tem apoio de caciques do Centrão.
Nos bastidores, aliados afirmam que Bolsonaro já se conformou com a inelegibilidade e concentra esforços em evitar o cumprimento de pena em regime fechado no Complexo da Papuda. A exigência é que a prisão seja domiciliar.
Discurso duplo
Enquanto Eduardo mantém o tom de enfrentamento, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem se apresentado como porta-voz do pai. Embora em público tenha dito que a redução de penas “não nos atende”, Flávio admitiu que “o processo precisa andar” e prometeu apresentar emendas para adequar o texto às condições exigidas pela família.
“Já posso reportar ao presidente qual é a ideia dele, o que foi que eu conversei”, disse o senador, se colocando como interlocutor direto nas negociações.
Apoio ampliado
Paulinho da Força também busca garantir respaldo no PSD de Gilberto Kassab, que articula o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como principal nome contra Lula em 2026. No radar estão ainda Ciro Nogueira e Antonio Rueda, da federação PP-União, que detém a maior bancada da Câmara, além do Republicanos, de Marcos Pereira, já mobilizando a estrutura da Igreja Universal em torno de Tarcísio.
Pressa para evitar derrota
A estratégia é aprovar rapidamente o projeto e evitar que ele tenha o mesmo destino da chamada “PEC da Bandidagem” — aprovada com folga na Câmara, mas derrubada pelo Senado após forte pressão popular.
Para Bolsonaro, trata-se de uma última cartada: não há expectativa de reversão da inelegibilidade, mas a redução da pena, com prisão domiciliar, já é vista como vitória possível no xadrez político-jurídico.