A Sanasa (Sociededade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas S.A.) convocou uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, dia 18, para divulgar o resultado de sindicância interna para apurar as denúncias feitas pelo ministério público de que a empresa estaria envolvida em um esquema de fraudes de licitações. Os documentos da investigação interna também foram entregues ao presidente da CPI das licitações, Sérgio Benassi.
O presidente da Sanasa Lauro Péricles Gonçalves fez um discurso exaltado, no qual demonstrou seu orgulho pela empresa: “Trata-se de uma empresa municipal de caráter internacional que vê-se agora, de repente, arranhada em seu prestígio.”
A sindicância interna contou com 2 procuradores de carreira, 2 funcionários de carreira e 2 advogados. Tal investigação resultou em uma documentação de mais de 20 mil páginas, que para o presidente é o suficiente: “A Sanasa nada teme porque nestes papéis contém a verdade”.
O advogado contratado pela empresa, José Luis Oliveira Lima, disse que aceitou o caso para defender a reputação da Sanasa. Ele afirmou também que entrará com uma representação na Corregedoria Nacional do Ministério Público contra o promotor Amauri Silveira Filho: “Como a promotoria vai a público, faz afirmações duras que atinge a reputação de uma empresa como a Sana e só solicita os documentos 11 dias depois? Não me parece que isso contribui para o estado democrático de direito”.
Para o secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura Carlos Henrique Pinto não há a necessidade de tomar nenhuma atitude administrativa. O secretário também anunciou que nas investigações internas não foram detectados problemas que fizessem revogar os contratos com as três empresas investigadas.
Lauro Péricles Gonçalves salientou que a empresa Lotus Serviços Técnicos tem contrato com a Sanasa desde 1994, passando por várias administrações e prefeitos.
Em seu discurso, Sérgio Benassi, presidente da CPI das licitações, declarou que a Sanasa demonstra seu respeito pela população e que agora a Comissão Parlamentar de Inquérito entra na 2ª fase, na qual analisará a documentação e convocará o presidente da empresa, Lauro Péricles Gonçalves para depor.
O vereador se demonstrou satisfeito com a documentação recebida. Benassi pretende se reunir com os demais parlamentares e definir a agenda dos depoimentos já para a próxima semana.
O Caso
No dia 17 de Setembro oito pessoas foram presas durante uma operação da Corregedoria da Polícia Civil e do GAECO, órgão do Ministério Público. O motivo foi a suspeita de fraudes em licitações em todo o país.
Uma das formas que o grupo agia, era com dois lobistas de Campinas pagando propina para políticos e funcionários públicos, afim de direcionar o resultado da concorrência. Assim, as empresas corruptas garantiam os contratos.
A outra maneira de atuar era fazendo acordo com as concorrentes, combinando os preços e conseguindo que as ofertas fossem sempre as mais baratas. Posteriormente, o lucro era dividido. A Justiça quebrou o sigilo bancário e bloqueou as contas de todos os suspeitos presos.