Balanço divulgado nesta quinta-feira (20) sobre as condições dos rios no interior paulista aponta que agora são três os mananciais da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) em estado de alerta nesta semana. O Alto e o Baixo Atibaia foram incluídos nesta condição de risco e foi mantida a mesma situação para o Jaguari, que vigora desde terça-feira (18).
Há dois dias, o Rio Camanducaia, em pior situação na região de Campinas, está em estado de restrição para captação de água para população, agricultura e indústria. As restrições recomendam redução na captação entre 20% e 30%.
Essas medidas cumprem uma resolução da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) de janeiro de 2015 para quem capta água diretamente dos rios.
A portaria foi expedida para tentar amenizar a crise hídrica no estado que teve início no fim de 2013. O próximo balanço das condições da Bacia PCJ será divulgado na manhã de segunda-feira (24).
Vazão
De acordo com o novo balanço da Sala de Situação PCJ desta quinta, o Alto Atibaia tem vazão de 4,90 m³/s. No relatório de segunda-feira (17), a medição apontava 5,67 m³/s. A mensuração é feita em Valinhos (SP). Estão incluídas parcialmente ou totalmente nesta bacia as cidades de Bom Jesus dos Perdões (totalmente), Bragança Paulista (parcialmente), Campinas (parcialmente), Itatiba (totalmente), Jarinu (parcialmente), Morungaba (parcialmente), Nazaré Paulista (parcialmente), Piracaia (parcialmente), além de Valinhos (parcialmente). O Alto Atibaia entrará em restrição se a vazão em metros cúbicos por segundo chegar a igual ou inferior a 4.
Em relação ao Baixo Atibaia, a vazão constatada no Rio Atibaia [feita perto de Paulínia] nesta quinta-feira foi de 3,85 m³/s, contra 5,05 m³/s há três dias.
Estão incluídas parcialmente no Baixo Atibaia as cidades de Americana, Campinas, Jaguariúna, Nova Odessa, Paulínia, Valinhos e Vinhedo. O estado de restrição será decretado se a vazão em metros cúbicos por segundo atigir igual ou inferior a 3,5.
Das cinco bacias monitoradas no PCJ, apenas a Montante Cantareira (SP)/Jaguari (MG) continua sem restrição. Na segunda-feira, a vazão estava em 4,76 m³/s, mas agora é de 4,60 m³/s.
Estão nesta bacia as cidades de Bragança Paulista (parcialmente inserida), Camanducaia (parcialmente), Extrema (totalmente), Itapeva (totalmente), Nazaré Paulista (parcialmente), Piracaia (parcialmente), Sapucaí Mirim (parcialmente) e Vargem (parcialmente). A medição é feita no Rio Jaguari.
Previsão do tempo
De acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (
Cepagri), não há expectativa de chuvas generelizadas ou contínuas até domingo (23) na região de Campinas. Na segunda (24) uma frente fria chega com possibilidade de chuvas fracas. Outra frente atinge a região na quinta-feira (27) com mais possibilidades de chuvas gerais.
Campinas
A baixa vazão no Alto e Baixo Atibaia não alterou a situação de Campinas no rio. A captação de água continua normalmente, segundo informou a Sanasa, por meio de assessoria de imprensa. A empresa tem uma campanha na mídia e nos reservatórios de água informando que a água pode ser usada pelos consumidores sem restrição, mas com moderação.
Para indicar a posição, os prédios púbicos estão sendo iluminados com a cor verde no período noturno. Campinas, que tem 1,1 milhão de habitantes, capta 95% da água que consome no Rio Atibaia. Os demais 5% são retirados do Rio Capivari.
Jaguari em risco
A baixa vazão no Rio Camanducaia, que teve restrição na captação de água decretada nesta segunda-feira (17), pode impactar no Rio Jaguari, que abastece cidades da região de Campinas (SP), grandes indústrias e o polo petroquímico de Paulínia (SP). A avaliação é do secretário executivo do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ( PCJ), Francisco Lahóz.
Segundo o especialista, o Camanducaia serve como reforço para o Jaguari, que ficou enfraquecido desde a inauguração na década de 1970 do Sistema Cantareira. Isso, devido aos represamentos. “O Camanducaia não é simplesmente um afluente. Ele tem uma importante missão que é fortalecer o Jaguari nos 365 dias do ano”, alerta Lahóz.
Alto Tietê em risco
O DAEE publicou uma portaria em que classifica como crítica a situação hidríca na Bacia do Alto Tietê. Segundo as informações do Diário Oficial, com a medida, ações deverão ser adotadas para assegurar a disponibilidade hídrica. O prefeito de Salesópolis, Benedito Rafael da Silva, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, disse ao G1 nesta quarta-feira (19) que quer uma reunião com o DAEE e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para discutir as consequências dessa classificação. Silva acrescentou que não havia sido informado sobre essa medida.
