A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou na tarde desta quinta-feira, 6 de junho, mais cinco mortes por dengue na cidade. Com isso, o total chega a 35 neste ano.
A Pasta lamenta as mortes e se solidariza com as famílias. O desfecho óbito depende de fatores como procura precoce por atendimento, manejo clínico adequado e fatores individuais do paciente, como doenças preexistentes. Não há relação direta com a oscilação de casos, embora a Saúde registre, neste momento, tendência de redução de transmissão por conta da diminuição das temperaturas desde a segunda quinzena de maio.
Desde 1º de janeiro foram confirmados 104.450 casos de dengue. Assim como em todas as situações de casos registrados, medidas preconizadas foram desencadeadas nas regiões onde residiam as pessoas que morreram: controle de criadouros, busca ativa de pessoas sintomáticas e nebulização para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
Perfil dos óbitos
Os novos óbitos ocorreram entre 11 de abril e 9 de maio, e um deles é de uma gestante de 30 anos. Veja abaixo orientações da Secretaria de Saúde para mulheres deste grupo.
- Sexo feminino, 30 anos, sem comorbidade. Atendida na rede pública, era gestante e moradora da área de abrangência do CS DIC I. Ela teve início dos sintomas em 16 de abril e o óbito ocorreu em 23 do mesmo mês.
- Sexo masculino, 62 anos, sem comorbidade. Atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Tancredo Neves. Ele teve início dos sintomas em 21 de abril e o óbito ocorreu em 24 do mesmo mês.
- Sexo masculino, 17 anos, com comorbidades. Atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Lisa. Ele teve início dos sintomas em 6 de abril e o óbito ocorreu em 11 do mesmo mês.
- Sexo feminino, 79 anos, com comorbidades. Atendida na rede privada e moradora da área de abrangência do CS Paranapanema. Ela teve início dos sintomas em 4 de maio e o óbito ocorreu em 9 do mesmo mês.
- Sexo masculino, 91 anos, com comorbidades, atendido na rede privada e morador da área de abrangência do CS Barão Geraldo. Ele teve início dos sintomas em 15 de abril e o óbito ocorreu em 24 do mesmo mês.
Orientações para gestantes
Este é o primeiro óbito de gestante por dengue em 2024. Em relação ao total de casos confirmados, este grupo representa 0,8% do total de pessoas diagnosticadas com dengue.
“Vale destacar que as gestantes e puérperas, especialmente até 14 dias pós-parto, são mais suscetíveis às complicações e evolução para as formas mais graves da dengue. A prevenção com uso de repelentes, diagnóstico oportuno e a vigilância clínica diária da gestante com suspeita ou confirmação de dengue se mostram como estratégias fundamentais para evitar complicações da doença nesse grupo da população”, explicou o médico ginecologista e obstetra do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas André Pampanini Melo.
As gestantes podem ter acesso aos repelentes contra mosquitos que estão disponíveis nas farmácias de todos os 68 centros de saúde da cidade. A medida reforça a prevenção à doença e, para isso, basta apresentar o cartão pré-natal. Os endereços e horários de funcionamento das unidades estão na página: https://www.campinas.sp.gov.br/secretaria/saude/pagina/centros-de-saude
Situação atual
A Secretaria de Saúde reitera o alerta feito desde 2023 com objetivo de sensibilizar a população para tentar reduzir casos e óbitos: a melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.
“Os dados parciais do Painel de Monitoramento de Arboviroses indicam que a curva de transmissão começou a cair a partir de 5 de maio. Esperamos que, com a queda acentuada das temperaturas desde a semana passada, os casos diminuam ainda mais. Por outro lado, é preciso alertar que as medidas de prevenção à dengue devem ser contínuas e realizadas o ano todo”, destacou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto.
O pico de transmissão da epidemia de dengue ocorreu no período entre 7 e 13 de abril.
Contexto nacional
A epidemia de dengue é nacional e, neste ano, dois fatores contribuíram para aumento de casos em Campinas apesar da série de esforços da Administração para combater a doença e aprimorar a assistência em saúde: a circulação simultânea de três sorotipos do vírus pela primeira vez na história, e condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito, principalmente por conta das sucessivas ondas de calor registradas desde outubro.
Assistência em saúde
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
“A gravidade por dengue se dá, principalmente, na fase que a gente considera crítica, quando a pessoa deixa de ter febre. É diferente de outras viroses. Nesse momento, as pessoas devem estar muito atentas se melhoram ou se começam a ter algumas alterações, como muitos vômitos, algum sinal de sangramento, por exemplo, na gengiva, ou se a mulher menstruada começa a ter um maior volume, tem aquela sensação de desmaio e começa a se sentir mais indisposta. Essas pessoas têm que voltar imediatamente para a assistência médica para fazer hidratação, muitas vezes, na veia. Uma outra questão que faz a pessoa ter um desfecho favorável é conseguir beber a quantidade de líquido prescrita, que são 60 mL por quilo de peso. Isso é qualquer líquido e um terço disso em sais de hidratação”, alertou a diretora do Devisa, Andrea von Zuben.