
Esta semana, moradores de Sousas e Joaquim Egídio foram surpreendidos com a notícia de que o distrito ganharia uma nova ponte.
Uma audiência pública foi marcada para o dia 27 de março no Colégio Tomás Alves, mas que somente começou a ser divulgada dois dias antes do evento. Conforme constatado pela reportagem do Jornal Local, a população não foi informada adequadamente por meio de faixas na avenida, ou cartazes espalhados pelo comércio.
A proposta de construção da nova ponte foi feita pelo vereador Marcos Bernardelli (PSDB), há 30 dias, quando apresentou sua proposta à diretoria do CONSEG, na última reunião do Conselho.
No local sugerido pelo vereador, há uma ponte de madeira que foi desativada pelas tropas revolucionárias de 32 para impedir a travessia até Campinas. Com a inauguração da Ponte Adhemar de Barros Filho, em 1949 a antiga ponte foi desativada por deterioração do tempo.
Mudança no viário
De acordo com a proposta, a atual ponte que dá acesso aos distritos ficaria com sentido único da altura do Banco Itaú até a Praça Beira Rio. Com isso, os motoristas que vêm de Joaquim Egídio, e condomínios Jardim Botânico, Ermitage, teriam o trânsito desviado para a Rua Maneco Rosa, seguindo até a altura da Subprefeitura, onde interligaria com o trânsito dos carros vindos dos bairros do Nova Sousas e Sorirama, onde haveria necessidade de se instalar um semáforo devido ao grande volume de veículos, aproximadamente 10 mil, que circulam pelo local. Neste entrocamento que daria acesso a nova ponte, o trânsito seguiria para a Rua XV de Novembro, passando dentro do Beco do Mokarzel, causando outro problema, pois naquele trecho não há uma boa visualização dos veículos que trafegam no sentido San Conrado e Parque Jatibaia, havendo a necessidade de instalação de mais um semáforo.
Alguns moradores do Beco Mokarzel afirmam que a mudança no trânsito pode ser uma manobra para futuramente fazer a desapropriação e retirada das famílias na região.
Desconhecimento do projeto
O subprefeito, Wander Villalba disse em entrevista que desconhece o projeto e que não foi procurado pela diretoria do CONSEG, responsável pela divulgação da audiência pública, e nem tampouco tem conhecimento de que o projeto passou pelos órgãos oficiais da Prefeitura Municipal de Campinas. Ele afirmou também que não existe um estudo sobre o deslocamento dos moradores do Beco Mokarzel.
Já o gerente de Planejamento da EMDEC, disse que não há nada oficial no órgão, como também não há nenhum estudo sobre os impactos desta mudança no viário dos distritos.
O projeto também não passou pela Secretaria do Verde e Desenvolvimento Sustentável, para emitir o licenciamento de impacto de vizinhança, como também não passou pela Secretaria de Infra-Estrutura e Serviços Públicos.
Impactos
Procurado pela reportagem, a assessoria do vereador Marcos Bernardelli, não falou sobre o custo da construção da ponte e qual órgão público que arcaria com as despesas de construção, sendo que existem outras prioridades nos distritos como a reforma do Centro de Saúde de Sousas. O vereador também não falou sobre os impactos sociais e ambientais que o projeto acarretaria nos distritos.
Uma moradora, que pediu para não ser identificada, afirma categoricamente que primeiramente o CONSEG deveria observar o projeto sob o aspecto da segurança, que é de sua competência, pois o que garante hoje a tranqüilidade dos moradores é o único acesso pela ponte Adhemar de Barros Filho.
“O que esperamos do CONSEG são ações efetivas nas questões de segurança, e não em encabeçar projetos estapafúrdios”, finaliza a moradora.
Conseg e a segurança
Após um ano de reativação do Conselho de Segurança (Conseg) que nova diretoria patina nas questões de segurança dos distritos.
Uma das principais reivindicações dos moradores é a reforma ou construção do posto da Polícia Militar, desativado em outubro de 2010, pelo governador do Estado Geraldo Alckmin.
Na época um grupo de moradores se reuniu com freqüência em busca de soluções, e encaminharam um ofício a Secretaria de Urbanismo solicitando a desafetação ou doação da Praça Carlos Sevá para a construção do posto da Polícia Militar. Entretanto, o pedido foi extraviado na Secretaria de Urbanismo, acarretando um longo atraso no processo jurídico, e de lá prá cá, nada mais foi feito pela construção do Posto da PM.
Pressionada pela população, a Polícia Militar afirmou que a Base Móvel era mais eficaz para a segurança dos moradores de Sousas, pois ela podia estar presente em pontos estratégicos. Porém, com o decorrer do tempo, nem mesmo esta base é vista fazendo ronda pelos distritos, e caberia ao Conselho de Segurança cobrar da Polícia Militar, pelo menos a volta da Base Móvel para dos distritos, enquanto não se resolve sobre a reforma do antigo prédio, ou a construção de um posto.
Outros projetos do Conseg, como o “Trânsito Seguro” e alvarás dos estabelecimentos noturnos também não saíram do papel.
Novamente a reportagem tentou falar com a presidente do Conselho, Débora Palermo, através do celular, mas não obteve resposta.




