Será realizado entre os dias 06 e 09 de novembro o Colóquio “Caminhos da Língua Portuguesa: África-Brasil”, organizado pelo IEL – Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
A iniciativa faz parte de uma série de eventos que vêm tomando conta do cenário acadêmico nacional há pelo menos dois anos. No ano passado, no mês de outubro, foi realizado o Encontro Internacional África Brasil, promovido pelo International Institute of Journalism and Communication, com sede em Genebra, na Suíça, e pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Neste ano, dois eventos importantes sobre as relações acadêmico-culturais tiveram lugar na Bahia. No mês de outubro de 2006, a Faculdade de Educação promoveu um encontro com descendentes e migrantes africanos.
Durante os congressos, encontros e colóquios fazem parte professores e alunos universitários, integrantes do Movimento Negro, que têm nesses espaços possibilidade de discutir questões pertinentes ao universo afro-brasileiro. Ainda este ano, no final do mês de novembro, será realizado, em Angola, um importante Congresso que reúne pesquisadores de língua portuguesa na área de Ciências Sociais, o Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais.
Esses eventos vêm mostrar o interesse de aproximação, iniciado desde os primeiros meses do atual governo, entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. Em Angola e Moçambique, por exemplo, as cooperações entre os dois países são de ordem médica, tecnológica, cultural e acadêmica.
Durante o colóquio Caminhos da língua portuguesa: África-Brasil, serão abordados diversos temas, como o contato entre a língua portuguesa e as línguas africanas, as literaturas africanas de língua portuguesa, literatura e antropologia, além de língua portuguesa, identidades africanas e culturas políticas, entre outros. Paralelamente ao colóquio, está sendo organizada, dentro da programação cultural, a Exposição “Uns e Outros”, com peças africanas vindas do Staatliches Museum fur Volkerkunde, de Munique, Alemanha, no Espaço Cultural da Casa do Lago, na Unicamp, uma Mostra de Filmes Africanos, também na Casa do Lago, exposições de obras do acervo ligadas à África, nas bibliotecas do IEL, IA e IFCH, além da Exposição Fortier (postais do início do século do Sudão francês), em colaboração com a Casa das Áfricas, CEDAE/IEL.
Decorrente dessas iniciativas, as universidades brasileiras estão discutindo a possibilidade de inserção de estudos de literatura africana de países de língua portuguesa, e portanto encontros como este que terá início na Unicamp na próxima semana, são uma grande oportunidade para que se inicie trocas de informações e materiais para a organização de um programa universitário dessas literaturas, ainda tão desconhecidas do grande público brasileiro.
Mas as iniciativas para uma aproximação entre África-Brasil não se restringem às culturas lusófonas. Desde o início do ano está sendo oferecido como curso de extensão no IEL/Unicamp e USP um curso de Kiswahili, ministrado pela lingüista Juliana Macek, uma das línguas mais importantes e difundidas na África, de origem banta, falada por cerca de 80 milhões de pessoas, entre Tanzânia, Quênia, República Democrática do Congo, Uganda, Rwanda, Burundi, e outros. Embora seja uma iniciativa tímida, ainda com poucos alunos, é um importante passo para refletir a importância do contato com as línguas e culturas africanas, bem como sobre o descaso das escolas e universidades brasileiras para com culturas que grande influência tiveram não só sobre a língua portuguesa como sobre nossa cultura.
Andréia T. Couto
África-Brasil: uma aproximação que se torna cada dia mais forte
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