O Jornal Local recebeu uma denúncia da moradora Stephanie Colino Scarabelli do Residencial Colinas do Ermitage que há três meses vem acontecendo envenenamento de animais, como cachorros e gatos dentro das próprias residências. Foram encontrados aproximadamente 20 animais mortos com as mesmas características.
Apesar de ser um veneno ilegal de venda proibida, o chumbinho ainda é um grande e fatal agente causador de envenenamento. Isso se deve ao fato de sua venda ser realizada facilmente em qualquer lugar. A falta de esclarecimento à população faz com que seu uso seja feito em larga escala com vários propósitos, não só como rodenticida, mas também para cães, gatos e pessoas. Acidentes também são freqüentes.
A moradora Stephanie Colino Scarabelli alega que no dia 14 de dezembro apareceu mais um gato morto na casa dela, do mesmo jeito que outro gato filhote foi encontrado há duas semanas. Stephanie alega que há três meses teve uma matança de animais no Ermitage, na época ela entrou em contato com a associação de moradores que ficou de tomar as devidas providências. “Eles fizeram apenas um boletim informativo falando como funcionava o chumbinho e suas finalidades. As mortes continuam ocorrendo e nenhuma providencia foi tomada”, afirma ela.
Os principais sintomas de envenenamento por chumbinho são: salivação excessiva, lacrimejamento, secreção nasal, aumento dos sons respiratórios por broncoconstricção, dificuldade respiratória, edema pulmonar, diarréia, diminuição dos batimentos cardíacos, constricção da pupila, tosse, vômito, micção freqüente, falta de coordenação motora. Depois aparecem tremores musculares, espasmos, hiperatividade. Nem todos os animais apresentam os mesmos sintomas. A morte se dá por insuficiência respiratória e asfixia. O tratamento para os casos de intoxicação por chumbinho tem bons resultados se feito logo após o início dos sintomas. “Há quatro meses atendi no prazo de uma semana 12 animais envenenados do Ermitage, sete gatos e cinco cachorros. Eles apresentavam substâncias características do veneno aldicarb, mais conhecido como chumbinho. Eles apresentavam os mesmo sintomas, tais como salivação intensa, espasmos, diarréia, parada cárdio-respiratória”, afirma o veterinário Diogo Siqueira.
Quando os gatos foram encontrados mortos havia pedaços de peixes jogados no local, os moradores acham que os peixes estavam envenenados com chumbinho para matar os gatos. “Acho isso desumano, poderiam chamar o centro de controle de animais, qualquer coisa, menos matar. Essa atrocidade não pode continuar”, lamentou Stephanie. Já a moradora Nilce Vieira diz que fará um boletim de ocorrência sobre a morte do seu gato e lamenta a perda dos animais.
O veterinário do Centro de Controle de Zoonoses de Campinas, Ricardo Rodrigues, alerta para que os moradores procurem a Polícia Ambiental e/ou Militar preferencialmente com provas para fazer a denúncia de suspeita do caso de envenenamento. A pessoa deve ter um laudo veterinário sobre o quadro sistematológico do animal, que deve ser analisada por um laboratório, se encontrado o resíduo de veneno a pessoa tem como provar o envenenamento. “A acusação é muito complicada, é preciso que seja feito a análise laboratorial antes de alegar envenenamento causado por vizinhos, depois disso que pode ser feita uma investigação”, explica Ricardo.
“Tivemos algumas ocorrências de mortes de animais por envenenamento por chumbinho. A Associação não foi conferir se foi esta a causa mortis do animal. Confiamos no que o morador disse que o veterinário diagnosticou. Divulgamos em jornalzinho interno os riscos para quem manipula o produto, do sofrimento do animal que ingere este agrotóxico e que a venda deste produto sem prescrição agronômica é crime. Divulgamos inclusive o telefone da ANVISA para denúncias anônimas. Depois disso, não fomos mais informados de outros casos. Isso me causa surpresa”, afirma Miwa Miragliotta – responsável pela Associação do Residencial Colinas do Ermitage.





