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quinta-feira, novembro 13, 2025
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Lula celebra civilidade japonesa, lamenta nova ‘Guerra Fria’, fala de trama golpista e evita futebol

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O presidente Lula se despediu na noite desta quarta-feira (26/7 em Brasília), manhã de quinta, em Tóquio, de uma vista de Estado de três dias ao Japão. A agenda teve diálogos com os chefes de governo e de Estado do país, com a participação de cerca de 500 dirigentes empresariais, sindicais, comunidade científica e acadêmica.

Lula reforçou a importância dos compromissos para as relações comerciais e tecnológicas entre Brasil e Japão, com mais de 80 atos assinados, entre acordos econômicos e parcerias de intercâmbio nas mais diversas áreas.

Ele reiterou a preocupação com o descumprimento de acordos climáticos históricos, como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, construídos na duas primeiras décadas do século com a finalidade de conter as tragédias trazidas pelo aquecimento global nas décadas seguintes.

O chefe de Estado brasileiro assinalou que os alertas insistentes dos cientistas, desprezados pelos “negacionistas e destruidores do planeta” em ascensão no mundo, já são fartamente comprovados pelas ocorrências trazidas pelo aumento do calor.

Acentuou também a preocupação com ataques e ameaças à democracia em diversos países, inclusive grandes economias. Lula valorizou a importância do multilateralismo (abertura soberana de relações políticas e econômicas entre nações). Desse modo, observou, sem citar nomes de governantes e países, que os mesmos defensores da globalização e do livre mercado de décadas atrás hoje comprometem as relações geopolíticas globais com ameaças e medidas protecionistas.

O presidente da República foi enfático ao descrever a retomada da normalidade democrática no Brasil, e ilustrou esse esforço com as presenças dos líderes do Legislativo na delegação brasileira. Os atuais presidente da Câmara e do Senado, e seus antecessores, pertecem a quatro partidos políticos diferentes. Pela ordem: Hugo Motta (Republicanos-PB), Davi Alcolumbre (União-AP), Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Destacou ainda que os esforços diplomáticos pela construção de uma nova economia sustentável não podem prescindir da presença dos representantes dos trabalhadores e da sociedade, como ocorreu no G20 Brasil, e ocorrerá na Cúpula do Brics e na COP 30, em Belém. 

Objetivos e resultados da vista

O presidente Lula respondeu a uma pergunta sobre a importância da visita ao Japão manifestando satisfação com a empreitada – pelo resultado das conversas e pela recepção educada e carinhosa dos anfitriões. “Um aprendizado civilizatório.”

Mas admitiu que a agenda oriental não se resume a questões comerciais. Chamou a atenção para uma agressão ao multilateralismo e às soberanias nacionais, ao declarar que o mundo não deve aceitar a conformação de uma “nova Guerra Fria”, referindo-se à Estados Unidos e China, manifestada de diversas formas. 

Provocado a comentar o julgamento que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros militares e agentes públicos de alta patente, Lula afirmou que seria presunção fazer prognósticos. Ele se referiu ao processo contra os acusados de tramar um golpe de Estado – que incluía seu assassinato, de seu vice e do ex-presidente da Corte eleitoral – após sua eleição:


“Todo mundo sabe o que aconteceu. Ele sabe o que ele cometeu, só ele sabe. E sabe que não foi correto. E pedir anistia é prova de culpa. É importante ele lembrar que eu fui impedido injustamente de disputar a eleição de 2018. Mas espero que ele desfrute da presunção de inocência que eu não tive. Não é o homem Bolsonaro que está sendo jugado, é uma tentativa de golpe de Estado que está sendo julgada.”

Riscos ao livre comercio

As decisões do presidente dos Estados Unidos dentro de seu país são livres. O que ele, Donald Trump, precisa é medir as consequências de seus atos fora e dentro de seu território – como recessão e inflação, avaliou Lula, diante da pergunta recorrente que incomoda o mundo.

Em relação à taxação de produtos do Brasil no mercado dos EUA, o presidente brasileiro foi categórico em defender recursos junto à Organização Mundial do Comércio (OMS), antes de calcular uma reciprocidade nas taxas aos produtos estadunidenses exportados para o Brasil. “Protecionismo não ajuda nenhum país do mundo.”

Ao final da entrevista coletiva, agradeceu a ausência de perguntas sobre futebol. “Eu não saberia dizer o que está acontecendo” (com o futebol brasileiro), disse, sem mencionar a vitória de 4 a 1 da Argentina sobre o Brasil na eliminatória sul-americana para a Copa do Mundo de 2026. A comitiva brasileira viaja nesta quinta ao Vietnã, em busca de novos mercados e parcerias.

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