Presidente francês participa de festival no MAM, toca tambor com o Olodum e destaca a Bahia como elo simbólico entre os três continentes
Por Sandra Venancio
Salvador (BA) – O presidente da França, Emmanuel Macron, transformou o Centro Histórico de Salvador em uma grande festa popular nesta quarta-feira (5). Em visita à capital baiana para abrir o Festival Nosso Futuro Brasil–França: Diálogos com a África, o líder francês foi recebido com ritmo e cor — tocou tambor com o Olodum, dançou ao som do Afoxé Filhos de Gandhy e posou sorridente ao lado de baianas de receptivo, símbolo maior da hospitalidade baiana.
Avant de s’envoler pour la COP demain à Belem, arrivée d’Emmanuel Macron dans les rues de Salvador pour l’ouverture de la saison culturelle franco-brésilienne… sur fond de percussions et de tests de tambours.
Macron chegou à Bahia acompanhado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que o recepcionaram ainda no aeroporto. Antes da cerimônia oficial, o grupo fez um passeio a pé pelo Pelourinho, onde o presidente visitou a Galeria Fundação Pierre Verger e a Casa do Benin, museu dedicado às conexões culturais entre a África e a Bahia. A caminhada, acompanhada de perto por centenas de moradores e turistas, se transformou em um ato espontâneo de celebração cultural e diplomática.
Macron chegou à Bahia acompanhado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que o recepcionaram ainda no aeroporto. Foto Matheus Landim/GOV BA
O festival, que acontece até sábado (8) no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), tem como objetivo discutir o papel da arte e da cultura nas relações entre Brasil, França e países africanos. Na abertura, Macron dividiu a mesa com Jerônimo Rodrigues, o prefeito Bruno Reis e a ministra Margareth Menezes.
Olha a cara do Mocron gente! Adoro …😅 Ele veio a Salvador para abertura de festival sobre conexão entre Brasil e França. Ele agradece acolhimento do povo.. pic.twitter.com/hPrJrEAwbx
Em discurso, o presidente francês se emocionou ao citar o legado do fotógrafo Pierre Verger, que dedicou a vida a retratar os laços espirituais e históricos entre África e Bahia.
À la veille de sa participation à un sommet sur le climat à Belém, Emmanuel Macron a visité Salvador de Bahia, dans le nord-est du Brésil, qui fut l’un des points d’arrivée majeurs des esclaves africains déportés. L'exécutif s'est offert un bain de foule au son des percussions. pic.twitter.com/VX4X0CzatG
“Ele ajudou a fazer entender o que era um erê, o sagrado, a raiz… e aumentou a conexão entre o Brasil, a Nigéria e a Bahia”, disse Macron. “Reinventar o futuro não é possível se não observarmos o nosso passado. Espero muito desse triângulo amoroso entre Europa, África e América do Sul.”
A ministra Margareth Menezes destacou que o festival simboliza um novo momento de cooperação cultural entre os dois países.
“O presidente Macron e o presidente Lula têm uma amizade sólida, e o povo francês tem uma boa recepção à cultura brasileira. Essa parceria tende a crescer e fortalecer os laços entre nossas nações”, afirmou.
Hoje, a Bahia recebe o presidente Emmanuel Macron. 🇧🇷🇫🇷 A presença dele aqui representa confiança e diálogo entre a África, a França e a Bahia. Um encontro que reforça os laços de paz, cultura e futuro.#GovernadorJerônimopic.twitter.com/2qrJ9eGCK9
Representando a força da música baiana, Carlinhos Brown e a Orkestra Rumpilezz abriram o evento com apresentações que uniram tambores, sopros e ancestralidade. “Salvador é o palco natural para um encontro como este”, disse Brown. “A Bahia sempre foi ponte entre Europa, África e América — e hoje mostramos que essa ponte continua viva e vibrante.”
A passagem de Macron por Salvador reforça o papel simbólico da Bahia como território da memória e da reinvenção afro-atlântica, ao mesmo tempo em que marca um novo capítulo nas relações culturais entre Brasil e França — agora costurado ao som dos tambores do Pelourinho.