Cidadania expulsa Rafael Zimbaldi; deputado recorre e diz que decisão é arbitrária
Por Sandra Venancio
A executiva estadual do Cidadania em São Paulo oficializou, nesta quarta-feira (5), a expulsão sumária do deputado estadual Rafael Zimbaldi de seus quadros partidários. A decisão foi assinada pelo presidente estadual da legenda, Alex Manente (deputado federal), e fundamentada na suposta filiação do parlamentar ao União Brasil, partido em que Zimbaldi preside a executiva municipal provisória em Campinas desde novembro de 2024.
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De acordo com o Ato nº 01/2025, a medida se apoia no artigo 9º, inciso II, alínea “d”, do estatuto do Cidadania, que prevê o cancelamento automático da filiação em caso de vínculo com outro partido político. O documento também cita a legislação eleitoral e a jurisprudência do TSE, que proíbem a dupla filiação, tornando a permanência de Zimbaldi no Cidadania “juridicamente insustentável”.

A decisão ressalta que o fato seria “público e notório”, amplamente divulgado pela imprensa e confirmado por registros oficiais do União Brasil. Por esse motivo, não foi instaurado processo disciplinar, uma vez que, segundo o diretório estadual, trata-se de “fato objetivo e incontroverso”.
Deputado reage e apresenta recurso interno
A reportagem teve acesso ao recurso apresentado por Rafael Zimbaldi ao diretório estadual do Cidadania, no qual o deputado rebate as acusações e sustenta que nunca se filiou ao União Brasil. O parlamentar afirma que não há qualquer registro oficial no sistema FILIA do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que comprove o vínculo e acusa o comando estadual da legenda de agir de forma “autoritária e ilegal”.
“Expulsar um deputado estadual sem ouvi-lo mostra arrogância, prepotência e desrespeito à democracia”, afirma Zimbaldi no documento.
Segundo o recurso, o deputado teria sido informado da expulsão por mensagem de WhatsApp, sem qualquer notificação formal ou abertura de processo disciplinar. Ele afirma ainda que o ato fere o direito ao contraditório e à ampla defesa, garantidos pelo estatuto partidário e pela Lei dos Partidos Políticos (nº 9.096/1995).
Zimbaldi sustenta que sua atuação à frente da comissão provisória do União Brasil em Campinas se deu “apenas em caráter administrativo e transitório”, sem implicar filiação efetiva. “Nunca assinei ficha de filiação, nem solicitei desfiliação do Cidadania”, afirma.
Manente: “Não sou ditador, sou legalista”
Em resposta reproduzida no próprio recurso, o presidente estadual do Cidadania, Alex Manente, defendeu a legalidade da medida.
“Não sou ditador, sou legalista”, afirmou o deputado federal, justificando que o estatuto do partido prevê desfiliação automática em casos de dupla vinculação partidária, independentemente de decisão colegiada.
O recurso de Zimbaldi será analisado pela Comissão de Ética e Disciplina do Cidadania-SP, que poderá confirmar ou anular a expulsão. Caso o partido mantenha a decisão, o deputado ainda pode recorrer à instância nacional do Cidadania ou à Justiça Eleitoral.
Enquanto isso, Zimbaldi permanece no exercício do mandato e mantém sua base política em Campinas, onde tem sido cotado para disputar a prefeitura nas eleições de 2026.




