IPCA de outubro sobe apenas 0,09%, puxado pela queda na conta de luz; no acumulado de 12 meses, inflação cai para 4,68%, a menor desde 2020
A inflação oficial do país mostrou forte desaceleração em outubro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou apenas 0,09% no mês, contra 0,48% em setembro. Esse é o menor resultado para outubro desde 1998, quando o índice foi de 0,02%.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
No acumulado de 2025, o IPCA registra alta de 3,73%, e em 12 meses, de 4,68%, abaixo dos 5,17% observados no período anterior. A desaceleração reforça a expectativa de estabilidade nos juros e reduz pressões sobre o Banco Central em relação à taxa Selic.

Três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram queda: Artigos de residência (-0,34%), Habitação (-0,30%) e Comunicação (-0,16%). Já Vestuário (0,51%) e Alimentação e bebidas (0,01%) registraram leve alta.
Energia elétrica impulsiona recuo em Habitação
A queda de 0,30% no grupo Habitação foi influenciada principalmente pela redução de 2,39% na energia elétrica residencial, o item com maior impacto negativo do mês (-0,10 ponto percentual). A baixa reflete a mudança da bandeira tarifária de vermelha patamar 2 — que adicionava R$ 7,87 a cada 100 kWh — para a vermelha patamar 1, com cobrança menor de R$ 4,46.
Apesar da redução nacional, algumas capitais registraram reajustes expressivos, como Goiânia (+19,56%), Brasília (+11,21%) e parte de São Paulo (+16,05%). No ano, a energia elétrica ainda acumula alta de 13,64%.
Vestuário e serviços pessoais mantêm alta
O grupo Vestuário teve a maior variação positiva (0,51%), impulsionado por calçados e acessórios (0,89%) e roupas femininas (0,56%). Em Despesas pessoais, o avanço foi de 0,45%, com destaque para o aumento no custo do empregado doméstico (0,52%) e nos pacotes turísticos (1,97%).
O grupo Saúde e cuidados pessoais também exerceu influência relevante, com alta de 0,41%, puxado pelos artigos de higiene (0,57%) e pelos planos de saúde (0,50%).
Transportes e alimentação têm leve avanço
O grupo Transportes variou 0,11%, com aumento nas passagens aéreas (4,48%) e nos combustíveis (0,32%). O óleo diesel recuou (-0,46%), mas etanol (0,85%), gás veicular (0,42%) e gasolina (0,29%) subiram.
A Alimentação e bebidas teve variação praticamente estável (0,01%). A alimentação no domicílio caiu 0,16%, com queda no arroz (-2,49%) e no leite longa vida (-1,88%). Já a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%) ficaram mais caros. A alimentação fora de casa, por sua vez, acelerou de 0,11% para 0,46%.
Goiânia lidera altas regionais
Entre as áreas pesquisadas, Goiânia teve a maior inflação (0,96%), impulsionada pelo aumento da energia elétrica (6,08%) e da gasolina (4,78%). Já as menores variações foram registradas em São Luís e Belo Horizonte (-0,15%), reflexo da queda nos combustíveis e na energia.
INPC também desacelera
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que reflete o custo de vida de famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu apenas 0,03% em outubro. No acumulado do ano, o indicador registra 3,65%, e em 12 meses, 4,49%, também abaixo do mês anterior.
Assim como no IPCA, Goiânia apresentou a maior alta (0,92%) e Belo Horizonte, a menor (-0,21%). Os preços dos alimentos permaneceram estáveis, enquanto os itens não alimentícios desaceleraram de 0,80% para 0,04%.
A nova leitura do IPCA confirma a tendência de desaceleração da inflação em 2025 e reforça a percepção de que o país entra no último bimestre do ano com preços sob maior controle — um alívio para consumidores e para o governo.




