Ideologia bolsonarista toma conta da Polícia Militar de São Paulo, aponta reportagem do Intercept Brasil
A Polícia Militar de São Paulo tem sido alvo de críticas por manifestações ideológicas extremistas entre integrantes da corporação, segundo reportagem publicada nesta semana pelo site Intercept Brasil. O Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP), em São José do Rio Preto, divulgou vídeo com policiais diante de uma cruz em chamas, fazendo a saudação romana, símbolos que remetem à iconografia nazista e à Ku Klux Klan.
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O episódio reacendeu debates sobre a influência do bolsonarismo na corporação. O secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foram citados como endossando, direta ou indiretamente, uma cultura de violência e extrema direita dentro da PM paulista.

Embora a violência policial não seja novidade no Brasil, especialistas apontam que o bolsonarismo trouxe um verniz de legitimidade à brutalidade, incentivando ações contra pobres e negros, sobretudo em batalhões de elite. O vídeo do BAEP foi apagado após repercussão e a Secretaria de Segurança emitiu nota afirmando que repudia “toda e qualquer manifestação de intolerância” e que o caso será apurado.
Analistas destacam que o episódio não é isolado. Treinamentos e rituais de batalhões de elite historicamente incorporam cantos e gritos de guerra que pregam violência, e a proximidade de políticos bolsonaristas com a PM tem reforçado essa cultura. A reportagem do Intercept relembra casos de outros membros do governo Bolsonaro que fizeram uso explícito de simbologia nazista, como o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, além do reconhecimento público de afinidade ideológica por líderes da Ku Klux Klan.
Ainda segundo a publicação, a polícia bolsonarista se organiza politicamente, pressionando integrantes a apoiar candidatos de extrema direita e originando candidatos a cargos eletivos dentro do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O efeito, afirmam especialistas, é a consolidação de uma mentalidade ideológica que incentiva o uso da violência e a naturalização da matança como método de controle social.
A reportagem lembra, porém, que outros estados, mesmo sob governos progressistas, também enfrentam problemas semelhantes de letalidade policial, como a Bahia, evidenciando que a violência institucional não é restrita a governos bolsonaristas, mas que seu endosso amplia comportamentos extremos.
PM como instrumento ideológico
Especialistas alertam que o alinhamento ideológico da PM com partidos de extrema direita cria um ambiente de permissividade para abusos e ataques a civis, enquanto minora o espaço de policiais que não compartilham a ideologia dominante, reforçando a sensação de impunidade e a militarização da política.
Histórico Policial:
- Foi afastado da Rota, unidade de elite da PM de São Paulo.
- Preso pela Corregedoria da PM por suspeitas de abuso de autoridade.
- Investigado por envolvimento em 16 homicídios em operações conjuntas.
- Acusado de integrar grupo de extermínio.




