Messias inicia rodada de negociações com líderes e bancadas para assegurar aprovação e reduzir resistências internas ao Planalto
Com a indicação ao Supremo Tribunal Federal formalizada, o advogado-geral da União Jorge Messias desencadeou uma operação direta no Senado para garantir os 41 votos necessários à sua aprovação, numa articulação marcada pelo esforço para neutralizar o clima de tensão deixado pela apertada recondução de Paulo Gonet à PGR.
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A estratégia envolve o acionamento imediato de aliados estratégicos e uma agenda de conversas reservadas com figuras-chave do Senado. Messias deve procurar o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União-AP), este último apontado como um dos mais incomodados com a escolha feita por Lula. O Planalto vê nessas conversas iniciais o ponto de partida para evitar que a votação secreta repita o cenário apertado enfrentado por Gonet.

Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo, comandará o percurso pelos gabinetes e reuniões com bancadas. A orientação é reduzir resistências antes da sabatina oficial, suavizar arestas políticas deixadas pelo processo de escolha e fortalecer a imagem do indicado como um perfil técnico e moderado.
A aproximação com o segmento religioso também entra no cálculo. Messias, evangélico e membro da Igreja Batista, pretende transformar sua identidade religiosa em ponte com parte da oposição. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), igualmente evangélica, atuará como articuladora para ampliar apoios entre a bancada cristã e o grupo feminino. A senadora defende que Messias reúne credenciais jurídicas sólidas e representa um gesto político relevante de Lula ao eleitorado evangélico.
Interlocutores afirmam que Messias repetirá o modelo tradicional das últimas indicações ao Supremo, com visitas individuais e conversas de bastidor para medir humores e garantir apoio antecipado. A preocupação central é evitar dissidências repentinas, sobretudo em um Senado dividido e com a base do governo mais fragmentada do que no início do mandato.
Além da sabatina na CCJ, Messias dependerá de maioria absoluta no plenário, requisito que transforma cada voto em peça estratégica. Diante do risco de uma nova votação apertada, o governo aposta em articulação rápida, discurso de independência e construção de alianças amplas para pavimentar sua aprovação.
Dados de apuração política:
O Planalto monitora três pontos críticos: a resistência de Alcolumbre, o humor da bancada evangélica após disputas recentes e a possibilidade de reedição do placar estreito visto nos 52 votos de Gonet. A leitura interna é de que Messias precisa, no mínimo, consolidar apoios firmes entre líderes e reduzir zonas de incerteza antes da sabatina para entrar no plenário com margem segura e evitar sobressaltos.




