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terça-feira, novembro 25, 2025
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Câmara começa a articular CPI para investigar Banco Master ligada a doações eleitorais

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Deputados querem abrir a caixa-preta da instituição após operação da PF apontar esquema bilionário envolvendo Daniel Vorcaro, fundos que irrigaram campanhas de Tarcísio e Bolsonaro

Parlamentares já discutem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o Banco Master, após a prisão de sua cúpula em operação da Polícia Federal que identificou um esquema de fraude e indícios de lavagem por meio de uma rede de fundos de investimento associados ao banqueiro Daniel Vorcaro.

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As movimentações para instalar uma CPI ganharam força depois que a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, alcançou o núcleo financeiro ligado ao Banco Master e ao banqueiro Daniel Vorcaro, figura conhecida nos bastidores políticos de Brasília. Segundo apurações, Vorcaro mantinha relações com nomes influentes do União Brasil e do PP, além de transitar entre círculos de poder que se estendiam até campanhas eleitorais de direita.

São Paulo (SP), 19/11/2025 – Fachada do Banco Master na rua Elvira Ferraz em Itaim Bibi. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O cunhado do banqueiro, Fabiano Campos Zettel, tornou-se peça sensível na investigação por ter realizado doações expressivas a campanhas de Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Registros oficiais mostram que, em 2022, Zettel repassou R$ 3 milhões à campanha presidencial de Bolsonaro. No pleito paulista, foi responsável pela única doação de pessoa física recebida pela campanha de Tarcísio: R$ 2 milhões. Pastor da igreja Bola de Neve e empresário do setor de bem-estar, Zettel coleciona investimentos em academias, redes de alimentação saudável e fundos imobiliários por meio da Moriah Asset.

A PF apura se esses vínculos se cruzam com as operações dos fundos Hans 95, Astralo 95 e Murren 41, que se tornaram alvos centrais da investigação. A suspeita é que fundos fechados, com poucos cotistas e estrutura em cascata, tenham sido usados para blindar beneficiários finais e permitir a lavagem de valores vinculados ao PCC. Apenas o Hans 95 aplicou R$ 124 milhões em CDBs do Master em 2024, enquanto o Astralo 95 registrou R$ 622 milhões em papéis ligados ao banco no ano seguinte. No total, pelo menos R$ 849 milhões foram direcionados ao Master durante o período em que a instituição enfrentava crise severa de liquidez e, segundo apurações da Operação Compliance Zero, distribuía títulos sem lastro criados por empresas de fachada.

A teia financeira também envolve a Super Empreendimentos, dona da mansão de R$ 36,1 milhões em Brasília onde Vorcaro residia. O fundo Termopilas, situado na base da cadeia investigada, aportou R$ 1,65 bilhão na empresa, que não apresenta atividade conhecida. Zettel esteve na diretoria da Super entre 2021 e 2024 e afirma que, durante sua gestão, a companhia não tinha relação com fundos investigados. Dados públicos, porém, registram que o Hans 95 já detinha a maior parte do capital da empresa em 2024. O domínio do site da Super foi registrado pelo próprio Zettel, cuja atuação no setor privado é frequentemente mencionada em podcasts evangélicos nos quais se apresenta como investidor e empreendedor.

A articulação para uma CPI ocorre em meio à pressão por maior transparência nas operações financeiras do Master e de seus fundos associados. Parlamentares avaliam que a investigação legislativa deve complementar o trabalho da PF ao examinar as relações políticas que permitiram a expansão da influência de Vorcaro e seu círculo. Líderes partidários discutem se a CPI deve ser instaurada ainda neste ano ou apenas após o recesso, a depender do avanço das diligências e do impacto político das revelações.

Dados de pesquisa e apuração complementar:
Informações cruzadas com registros da Comissão de Valores Mobiliários, dados públicos de fundos de investimento e doações declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral indicam que o fluxo financeiro envolvendo o Banco Master e fundos ligados a Daniel Vorcaro registrou crescimento acelerado entre 2023 e 2025. Levantamentos de relatórios da PF citados em inquéritos mostram que estruturas de fundos fechados são frequentemente usadas para operações de blindagem financeira, padrão semelhante ao identificado na Carbono Oculto. A discussão sobre CPI foi confirmada por ao menos três líderes partidários em conversas de bastidor obtidas por veículos nacionais.

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