Polícia Civil aponta que Ernane Aleixo teria fornecido infraestrutura e influência administrativa para fortalecer o grupo criminoso
Uma operação da Polícia Civil deflagrada nesta terça-feira levou à prisão do vereador Ernane Aleixo (PL), suspeito de atuar como interlocutor político do Terceiro Comando Puro (TCP) na Baixada Fluminense. A investigação indica que o parlamentar teria fornecido infraestrutura e influência administrativa para fortalecer o grupo criminoso.
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A ação cumpriu oito mandados de prisão e 36 ordens de busca e apreensão em diferentes pontos de São João de Meriti. Segundo os investigadores, o vereador integrava uma rede de cooperação que oferecia apoio estrutural ao TCP em troca de benefícios eleitorais. Áudios, mensagens e registros apreendidos revelam negociações em que Aleixo se comprometeria a disponibilizar equipamentos — inclusive pertencentes ao poder público — para abrir vias e facilitar a construção de barricadas usadas pela facção para impedir o avanço de operações policiais.

As conversas, trocadas com Marlon Henrique da Silva, o “Pagodeiro”, apontado como auxiliar direto de Geonário Fernandes Pereira Moreno, o “Genaro”, mostram o vereador oferecendo maquinário para “rasgar” ruas e viabilizar a instalação de barreiras de concreto em Vilar dos Teles. Em outro trecho, Aleixo menciona o empréstimo futuro de um martelete para a continuidade dos trabalhos, reforçando o caráter operacional da parceria.
Os investigadores afirmam que o parlamentar também negociava nomeações no hospital municipal para pessoas indicadas pela facção, ampliando a influência do TCP sobre serviços públicos locais. Esse tipo de contrapartida, segundo a Polícia Civil, consolidava um arranjo em que agentes públicos e criminosos se beneficiavam mutuamente — a facção garantindo controle territorial e o vereador ampliando sua base política.
O material apreendido, incluindo celulares, documentos e registros de movimentações administrativas, será analisado para identificar outros envolvidos no esquema. A corporação aponta que a atuação conjunta entre integrantes do poder público e o grupo criminoso contribuiu para a manutenção de barricadas que restringem o acesso de moradores e bloqueiam serviços essenciais em áreas da Baixada.
As investigações continuam e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias, especialmente sobre o eventual uso de recursos e equipamentos públicos para sustentar operações ilegais em áreas dominadas pelo TCP.




