Alemanha fantástica!

Esta Copa da Alemanha só não foi fantástica para o Brasil, porque saímos dela muito cedo e fomos humilhados no último jogo com a França. Mas ela foi maravilhosa sob vários pontos de vista. Foi a Copa da tecnologia, da organização e da beleza.
O Centro de Imprensa, o IBC, foi o mais completo de todos até agora, segundo os jornalistas brasileiros, que contam muitos Mundiais no currículo. Para mim, que só posso compará-lo ao dos Estados Unidos de 94. Foi maravilhoso!
Muita tecnologia
Embora tudo tivesse que ser pago, e caro, os recursos eram muitos. A internet, carro chefe da comunicação mundial encurtou as mais longas distâncias, entre os países, e se constituiu no veículo mais rápido de comunicação. Eram muitos os pontos de internet no IBC. Os livres, muito concorridos, não permitiam que você utilizasse por muito tempo, devido à pressão natural de todos os jornalistas que não queriam pagar cerca de 500 euros para ter exclusividade de uso.
Muitos monitores de tv digital em todos os pavilhões davam a oportunidade a todos de assistirem aos jogos com todo conforto. Algumas salas vips foram instaladas com poltronas super confortáveis que podiam ser utilizadas por qualquer um. Tudo muito limpo, bonito e com cores suaves que não poluíam o ambiente.
As informações sobre os jogos chegavam sempre nos escritórios com antecedência de uma hora. Os atendentes do IBC foram muito prestativos. A Alemanha como um todo foi maravilhosa! Sua gente, seus costumes, tudo enfim nos abre espaço para a reflexão. Com tudo que vi de tecnologia, me preocupa, embora estejamos longe, ver a Copa sendo realizada no Brasil.
O tempo passa muito rapidamente e 2014 chega logo. A Alemanha gastou quase 20 bilhões de reais para reformar os estádios e montar a estrutura para o mundial. Um dinheiro que pode ser empregado em muitas outras necessidades do Brasil.
Pouco futebol
Futebol mesmo tivemos pouco, pelo menos em qualidade. Dois ou três jogos foram dignos de copa do mundo. A final entre França e Itália teve até um bom nível em determinados momentos, mas também não foi uma grande final. Valeu pela determinação italiana que agora chega ao tetra-campeonato.
A França fica com o honroso segundo lugar, a melhor posição que conseguiu em Mundiais, exceto quando foi campeã, em 98. E se transformou no único vice-campeão invicto.
O futebol da Itália a credenciava como favorita, ainda que muito ligeiramente. A França chegou a dominar o segundo tempo, mas esteve, assim com a azurra longe de ganhar com méritos no tempo normal. Após uma prorrogação morna, com sinais claros de que as duas seleções esperavam pelas cobranças de tiros livres da marca do pênalti, o mundo se preparou para conhecer a seleção campeã do mundo, na dramaticidade dos pênaltis.
Marcados na decisão
Na crueldade das disputas, deu Itália, Trezeguet entra para a história daqueles fantásticos jogadores que perderam pênaltis em grandes decisões. São momentos inexplicáveis que os livros do futebol deixam para as interpretações de seus apaixonados leitores. A Itália já havia experimentado o gosto amargo da derrota nas disputas de pênaltis, em 94, quando perdeu para o Brasil. A França por seu lado saboreou a vitória, sobre o mesmo Brasil, em 86.
Hoje o destino fez com que cada uma dessas seleções provasse o sabor contrário. Por alguns momentos, os franceses se sentiram brasileiros, derrotados em 86, da mesma forma que os italianos foram também um pouco brasileiros, que comemoraram o título de 94. Fica em boas mãos a taça Fifa. Sem jogar um brilhante futebol a Itália ainda assim mereceu esta conquista. O Brasil, país de muitos imigrantes italianos, deve ter gostado do resultado final desta Copa.
Nesta final o que deixou triste a todos nos foi a forma com que Zidane, brilhante jogador francês, se despede dos mundiais. Um dos grandes da história do futebol da França poderia e deveria dar adeus às Copas com dignidade e reverenciado por todos. Sua expulsão da maneira que foi empana e mancha no final a trajetória de um dos maiores jogadores franceses.
Fim de Copa. Com certeza, vamos refletir muito durante os próximos anos. Vamos avaliar o que de bom podemos tirar desta copa. Por hora, no entanto, estou pronto para matar a saudade da minha gente e do meu país. Um abraço Brasil, já estou voltando!