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quinta-feira, setembro 19, 2024

Amazon, Apple, Google e Microsoft compram ouro ilegal da Amazônia, diz reportagem

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A empresa italiana, segundo os documentos, compra milhões de dólares em ouro de uma empresa brasileira chamada CHM do Brasil. Esta, por sua vez, supostamente adquiriu o metal precioso ilegalmente de garimpeiros. Mas nega. Por meio de advogado, afirma que todo o seu ouro foi adquirido de maneira legal, e que tem documentação. Foto Ibama

 

 

 

As gigantes transnacionais do setor de tecnologia Amazon, Apple, Google e Microsoft compram o ouro ilegal da Amazônia. A participação das big techs na cadeia do garimpo ilegal de ouro seria por meio da aquisição do metal de uma refinaria italiana, que tem fornecedor na floresta amazônica. A informação está em reportagem publicada nesta segunda-feira (25) pela organização Repórter Brasil.

Segundo a reportagem, registros públicos dessas companhias citam a empresa privada italiana Chimet como fonte do ouro usado em seus produtos. Há outras 100 em sua cadeia de suprimentos. O metal é usado em pequenas quantidades em placas de circuito para artigos eletrônicos de consumo. No entanto, nenhuma delas quis comentar o caso.

E essa empresa italiana, segundo os documentos, compra milhões de dólares em ouro de uma empresa brasileira chamada CHM do Brasil. Esta, por sua vez, supostamente adquiriu o metal precioso ilegalmente de garimpeiros. Mas nega. Por meio de advogado, afirma que todo o seu ouro foi adquirido de maneira legal, e que tem documentação.

 

Polícia aponta contradições

Relatório da polícia citado pela reportagem, de agosto de 2021, afirma que Chimet teria comprado R$ 2,1 bilhões (US$ 385 milhões) em ouro da CHM entre 2015 e 2020. De acordo com um representante da empresa italiana, as relações comerciais com a CHM foram cortadas em outubro passado. Foi quando a polícia realizou batidas em nove estados brasileiros e no Distrito Federal, cujo alvo era a CHM e outros supostamente envolvidos no comércio ilegal de ouro. A Chimet contratou então uma auditoria de seus fornecedores em abril passado e foi novamente certificada por atender aos padrões de fornecimento responsável de ouro.

A reportagem mostra ainda que, embora afirme que atua de maneira legal e que tem documentação adequada, a versão da CHM pode não ser verdadeira. Isso porque documentos da Polícia Federal apontam que a empresa não estava registrada no Banco Central do Brasil como uma entidade legalmente autorizada a comprar e vender ouro. Tampouco aparece no diretório online do banco central essas entidades. Assim, é ilegal para qualquer pessoa, exceto mineradores e suas associações, comprar e vender ouro no Brasil sem tal registro.

 

Garimpo ilegal maior com Bolsonaro

A empresa alegou que não comprou ouro como instrumento financeiro e que não é necessário registro para comprar ouro como commodity. Já o Banco Central disse à Reporter Brasil que não regulamenta “operações com ouro classificado como commodity”. Em 2020, o Ministério Público Federal descobriu que esse registro é necessário para qualquer pessoa que não seja mineradora para comprar e vender ouro, independentemente de seu uso.

Para completar, segundo a reportagem, registros financeiros de transferências bancárias mostram que a CHM comprou ouro da cooperativa Cooperouri e diretamente de vários indivíduos no sul do estado do Pará, que integra a Amazônia Legal Amazônia. Essa cooperativa tem permissão para minerar em uma área próxima à reserva indígena Kayapó protegida. Mas a polícia descobriu que tanto a CHM quanto a cooperativa compraram de garimpeiros independentes, sem licença.

A mineração ilegal aumentou no Brasil desde a chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019. Com seu discurso e ações, estimula a ação de invasores e busca legalizar a mineração em terras indígenas. O garimpo ilegal leva violência, morte e doenças a esses territórios, desmata florestas e polui rios com o uso de mercúrio

Segundo o Instituto Escolhas, foram extraídas 84 toneladas de ouro ilegal só nos primeiros dois anos do governo Bolsonaro. Um aumento de 23% em relação aos dois anos anteriores, equivalente a quase metade da produção total de ouro do Brasil.

O ouro das ‘big techs’. Infográfico da Repórter Brasil

 

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