O deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), membro da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, iniciou hoje a coleta de assinaturas para instalar CPI com o objetivo de investigar um suposto esquema de propinas pagas às delegacias de São Paulo, que teriam o fim de corromper a Polícia Civil e acobertar o funcionamento de máquinas caça-níqueis. Para protocolar o pedido são necessárias 32 assinaturas.
O parlamentar baseia-se no fato ocorrido no dia 25 de maio, quando o advogado Jamil Chokr colidiu seu veiculo em um ônibus, na Marginal Tietê, próximo a Ponte da Vila Guilherme. No interior do carro, os policiais militares que atenderam a ocorrência encontraram sob o banco cerca de R$ 10 mil e mais 40 envelopes repletos de dinheiro que totalizavam R$ 38 mil. Os envelopes estavam enumerados e com a inscrição “DP” em letras maiúsculas – uma possível referência a Distrito Policial. Além disso, também foram encontradas planilhas e anotações que continham possíveis nomes de policiais e departamentos envolvidos e no porta-malas ainda havia peças de máquinas caça-níqueis. É importante ressaltar que os números nos envelopes coincidiam com os de distritos policiais de São Paulo, cuja numeração vai de 1 a 105.
No dia 4 de junho, a Corregedoria da Polícia pediu a quebra de sigilo telefônico de pelo menos 25 investigadores que chefiavam equipes em distritos de São Paulo e, em 13 de junho, grampos da Polícia Federal confirmaram que Chokr subornava a polícia de São Paulo. O empresário Raimundo Romano, dono de uma das seis montadoras de caça-níqueis investigadas na operação, demonstrou preocupação quando soube que Chokr passou a ser investigado pela polícia paulista. Flagrado, Romano dizia em gravação que “teria de achar desculpa plausível” para lista achada com o advogado.
Ainda conforme matérias veiculadas pela imprensa, o esquema de pagamento de propina a policiais para acobertar máquinas caça-níqueis pode atingir mais de 70% das delegacias da capital paulista.
Para o deputado Vanderlei Siraque, considerando a extrema gravidade da situação, onde supostamente grande parte das delegacias foi corrompida pelo crime organizado, se torna mais do que necessária e rápida a investigação e a punição dos envolvidos no escândalo. “Uma instituição que deve transbordar idoneidade não pode ser manchada pelo mal-comportamento de alguns irresponsáveis”, analisa.