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sexta-feira, novembro 22, 2024

Crianças e jovens com Síndrome de Down e usuários da saúde mental do Cândido Ferreira

Data:

As entidades Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira e Fundação Síndrome de Down reuniram-se hoje, 23 de agosto, para participar da caminhada na Trilha das Aranhas em Joaquim Egídio.
Pelo Cândido Ferreira participaram os usuários da saúde mental que realizam tratamento no Núcleo de Atenção à Dependência Química (NADeQ) e o grupo de esportes do Núcleo de Atenção à Crise (NAC).
Na ocasião, os 60 participantes das duas entidades realizaram alongamento, caminhada na trilha, roda de capoeira, confraternização na estação de trem de Joaquim Egidio com lanches e roda de depoimentos sobre a importância da atividade física e da integração social. Para finalizar foram distribuídas medalhas aos participantes do evento.
Essa atividade é um dos desdobramentos de uma experiência iniciada com o convite do Departamento de Esportes e Lazer da Prefeitura de Campinas para participação em um projeto de inclusão de pessoas com transtornos mentais e necessidades especiais em praças de esportes.
A oportunidade considerada gratificante e criativa serviu para estreitar os laços afetivos, fazer novos amigos, conhecer a região de Joaquim Egídio e se exercitar.
A atividade foi organizada pela Secretaria de Esportes de Campinas com apoio da Sanasa e Bortolotto.

Grupo de Esportes do Núcleo de Atenção à Crise (NAC)
Toda a quinta-feira, os usuários do NAC têm uma manhã de lazer na Praça de Esportes, em Sousas, onde contam com quadras poli-esportivas e piscina, com supervisão de professores para várias atividades físicas. Este projeto de desenvolvimento de atividades esportivas atende as propostas de atuação profissional voluntária no Cândido Ferreira, mais especificamente, no NAC. Ao mesmo tempo em que também possibilita material para pesquisa a ser desenvolvida no Departamento de Psiquiatria da Unicamp.
O grupo de esportes visa trazer uma melhora física e emocional através da atividade física. Cria um espaço para expressão de sintomas e elaboração de vivências. Devido às características normalmente apresentadas pelos indivíduos com sofrimento mental no que se refere ao corpo, a pratica de atividade esportiva por si só pode levar a um rompimento da estagnação, ou proporcionar um momento para legitimação da agitação motora. Entende-se ser possível através da atividade física em grupo criar um ambiente terapêutico que oportuniza a expressão das dificuldades relacionais passadas permitindo, dessa forma, perceber esse ”setting” não convencional como um importante aliado no tratamento de pacientes psicóticos.
“A atividade em grupo por si só promove a interação e o exercício das relações interpessoais. O grupo é um ambiente que pode servir de continente para necessidades e emoções. Um momento em que a comunicação pode ser trabalhada e os sentimentos de isolamento e exclusão dos usuários podem ser diminuídos. Oferece também oportunidades de aprendizado. Esse movimentar-se do paciente a partir do seu lugar de referência (Cândido Ferreira) para outros espaços, cria novas oportunidades de contato, que poderão gerar novas maneiras de relacionar-se com o mundo”, explica a psicóloga voluntária que coordena o projeto no NAC, Maria Cristina Zago.
Aproximadamente quinze usuários do NAC já participam da atividade e as melhorias já são visíveis. “Muitos que vinham aqui ficavam excluídos, agora já participam de tudo e fazem amizades”, é o que observa a coordenadora da Praça de Esportes de Sousas, Maria Aparecida Martinelli.

Cândido Ferreira: reintegrando pessoas à sociedade!
Desde 1990, através de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Campinas e o Cândido Ferreira as formas de cuidar em saúde mental foram humanizadas. Por esta nova postura, desde 1993, a instituição é considerada referência de tratamento no país, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A principal meta da instituição é a desospitalização. Atualmente, a entidade atende um público de mais de mil usuários por mês e conta com um Núcleo de Atenção à Crise, um Núcleo de Atenção à Dependência Química, quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps), um Núcleo Clínico, 12 Oficinas de Trabalho, três Centros de Convivência (Convivência e Arte, Centro Cultural Cândido-Fumec e Casa Escola “Rosa dos Ventos”) e o Cândido Escola, unidade voltada à formação em trabalho e consultoria.
Os usuários também realizam atividades relacionadas à Comunicação Comunitária, distribuídas em duas oficinas: de jornal impresso e de rádio.

NAC: proteção e acolhimento
O Núcleo de Atenção à Crise (NAC) é um serviço de atenção 24 horas que acolhe psicóticos e neuróticos graves em situação de crise. Oferecem-se 40 vagas para internação 5 vagas para leito-noite que atendem usuários que estão impossibilitados de pernoitar nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), seja por falta de leito ou por dificuldade de permanecer nos mesmos. Os usuários são encaminhados pela rede municipal de saúde mental.
A assistência é realizada por três equipes de referência, em que o projeto terapêutico individual (PTI) de cada usuário é discutido semanalmente por uma equipe multidisciplinar, privilegiando os vários saberes, e compartilhado com os familiares e com as equipes da rede de saúde mental.
As atividades oferecidas pelo NAC são várias como: Assembléia, grupos de referência, grupos de atividades plásticas e artesanais no Espaço Aberto, grupo de esporte, atendimentos individuais e grupais de psicologia e terapia ocupacional, atendimento psiquiátrico e atividades sócio-recreativas. Lembrando dos cuidados da enfermagem incluindo as atividades de vida diária.
Vários são os motivos que levam uma pessoa a entrar em crise e necessitar de um espaço mais protegido, com uma atenção mais intensificada como a internação: problemas emocionais, familiares, sociais, uso inadequado de medicação assim como as crises de difícil manejo nos serviços de origem. Muitas vezes a internação se faz necessária para que se realize exames complementares para esclarecimento diagnóstico e redirecionamento do tratamento. E em alguns casos, trabalhar na reconstrução das linhas de cuidados com o serviço de origem quando os vínculos ficam fragilizados.
Hoje o NAC não se preocupa apenas com a remissão dos sintomas, procura-se entender o que levou essa pessoa a entrar em crise. Este processo de entendimento é construído juntamente com a equipe, familiares e o usuário. O trabalho não é apenas encaminhar o usuário ao serviço de origem, mas ofertar as várias possibilidades que o município oferece como praças de esporte, atividades culturais e sociais.

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