A notícia amplamente divulgada pela imprensa, de que alguns macacos encontrados mortos teriam contraído febre amarela, gerou uma matança cruel e desnecessária. Mesmo os animais vítimas da doença não são transmissores. A febre amarela, em sua versão silvestre, é transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, e, na versão urbana, pelo Aedes aegypti, que também transmite a dengue.
“Faltou divulgação por parte da imprensa de que os macacos funcionam, na verdade, como uma sentinela da febre amarela. Onde surge a doença, eles são as primeiras vítimas e alertam os órgãos de saúde”, diz o biólogo Marcelo Marcelino, chefe do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB). “A morte dos macacos por febre amarela silvestre evita a morte de pessoas, porque indica às autoridades que algo está acontecendo, e medidas de prevenção, como a vacinação, são rapidamente tomadas. Sem os macacos, não há aviso, e as pessoas ficam totalmente vulneráveis, porque o grande vilão, quem de fato transmite a doença, são os mosquitos”.
O CPB, órgão vinculado ao Instituto Chico Mendes / Ministério do Meio Ambiente, recebeu vários relatos de ataques descabidos a macacos. Há indícios de ocorrência de mortes, por agressões, de cerca de 30 primatas em Minas Gerais, nas regiões de Montes Claros, Cabeceira Grande, Itabira, Buritis e Uberlândia.
Macacos são perseguidos por causa da febre amarela
Data: