A história é dividida em ciclos políticos no máximo de trinta anos.Há o período inicial sendo de glória total, o intermediário de maturidade e finalmente o final de decadência.Não é um conceito absoluto, mas quase de totalidade.Para delinear com paradigma histórico percebemos as ditaduras totalitárias da década de 30.O fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha, o salazarismo em Portugal, o franquismo na Espanha e o getulismo no Brasil.
O espírito de época vai contaminando o espaço, se globalizando, interpenetrando fronteiras, espalhando simultaneamente em vários continentes.Enquanto dura os opositores vão conspirando e por isto não há interrupção abrupta.Suas falhas vão para as vitrines e a oposição vai crescendo até a inversão do poder.Dizemos então que existem dois poderes; um legalizado e formalizado e outro em legitimação evolutiva.Esta mobilidade de poder muitas vezes mantendo a mesma ideologia com rótulos diferenciados dentro do mesmo ciclo político.
Para a tomada de poder precisa de tempo com conspiração continuada e o espírito de época.
Destes três requisitos o mais substancial é o espírito de época.Indo a seu favor, apesar de ser perene são dar passos largos para sua conquista.A liderança política muitas vezes nasce deste oportunismo histórico e não da competência individual.
Absorver o pensamento do momento e seguir é ter o discernimento exato de como capturar o poder.Poder é moda e não uma situação definitiva.Sua efemeridade sinaliza que em política não existem dogmas, não é uma ciência exata, é uma questão pessoal de crença momentânea.
O Brasil depois de Getulio teve um novo ciclo histórico democrático, voltou a ditadura e com a constituição de 88 teve um processo democrático mais aberto de sua história.Dando oportunidade do poder escapar das oligarquias caindo na mão de um homem do povo.Até aí tudo bem, mas o pragmatismo de falta de ética, esquecendo o os princípios que nortearam nas eleições e o conformismo oportunista para sua manutenção descaracterizaram e deslegitimaram sua vitória transformando num partido de aristocracia intelectual distanciando do mesmo povo que elegeram.
O que mim entristece é que apesar de embrionário, porém já visível está surgindo na América Latina um novo espírito de época, ou seja, o populismo oco e oportunista que quer se manter no poder sem transparência ideológica e com um messianismo apenas retórico.
Alfinetando o povo e em vez do individuo crescer quer que o estado cresça.E o natural é dar instrumento para que o individuo atinja seus horizontes e não o estado ter objetivos estratégicos para sua conservação no poder impedindo a evolução natural do individuo.
Que o Brasil, Venezuela e agora a Bolívia fujam da retórica evasiva e oportunista dando credibilidade para o crescimento individual retirando finalmente os entraves que mantém o individuo aprisionado ao estado sobre um controle social artificial.E que o espírito de época seja restrito e de duração efêmera.
JUAREZ ALVARENGA