O Ministério da Saúde (MS) deu início ontem (13) à Campanha de Combate à Tuberculose. A ação incentivará o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, garantindo seu tratamento até a cura. A campanha educativa está em sintonia com o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), do Ministério, que promove a contenção da doença no Brasil. Dentre os objetivos estão reduzir o abandono do tratamento a menos que 5%, detectar 70% dos casos estimados, curar 85% dos casos notificados, expandir a cobertura do tratamento supervisionado para os municípios prioritários, oferecer teste anti-HIV para 100% dos adultos com a tuberculose.
Para campanha, o Ministério da Saúde produziu 300 mil cartazes, dois milhões de folders, além divulgação em rádio e televisão em todo o país.
Toda população brasileira tem direito ao diagnóstico e tratamento gratuitos no Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, estimativas apontam que mais de 60 milhões de pessoas estejam infectadas pelo bacilo da tuberculose. Em 2005, foram registrados 80.603 casos novos da enfermidade que registra, em média, cinco mil óbitos por ano.
No Brasil e em outros 21 países em desenvolvimento, a tuberculose é um grande problema de saúde pública. Nesses países, encontram-se 80% dos casos mundiais da doença. Todos os anos são registrados mundialmente cerca de oito milhões de novos casos, com quase dois milhões de mortes.
Cerca de um terço da população mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis, com o risco de desenvolver a enfermidade. A tuberculose é uma doença associada às más condições de vida da população ou a outras condições de imunodeficiência, como é o caso da aids, com muitos casos identificados entre os mais pobres e os que estão à margem da sociedade como favelas, população de rua e carcerária.
PERSISTÊNCIA – O grande desafio de se combater a doença é levar o tratamento adiante. Ele é eficaz e não é difícil, mas exige um grau de persistência que muitos não têm – o que justifica o abandono – uma das principais causas do fracasso no controle da tuberculose. Caso o tratamento seja abandonado antes do prazo, o bacilo desenvolve resistência à medicação e cria-se uma super bactéria.
É importante destacar que, ao iniciar o tratamento, em aproximadamente um mês, alguns pacientes já se sentem melhor e não sofrem mais com os sintomas da doença. A maioria dos casos de contágio ocorre em pacientes do sexo masculino e em idade produtiva, prejudicando ainda mais as condições de vida das famílias carentes, grandes vítimas da tuberculose.
Tuberculose no mundo
• 1/3 da população mundial está infectada pelo bacilo da tuberculose (100 milhões por ano)
• 9,2 milhões de doentes a cada ano (25 mil por dia), 700 mil co-infectados pelo HIV
• 1,7 milhões de mortes por ano (200 mil por tuberculose/HIV)
• Uma morte a cada 15 segundos
• Estima-se em aproximadamente 500 mil casos de multidroga resistente (MDR) por ano, em 114 países de todos os continentes
• 80% dos casos em 22 países (O Brasil está em 16º nesse ranking)
Tuberculose no Brasil
• 80 mil casos notificados por ano
• 5 mil óbitos por ano
• 70% dos casos estão em 315 dos 5.570 municípios brasileiros
• 9ª causa de internações por doenças infecciosas
• 7ª causa em gastos com internação no SUS por doenças infecciosas
• 4ª causa de mortes por doenças infecciosas
• Tendência de declínio
SAIBA MAIS
O que é a tuberculose?
Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas, também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
Qual a causa?
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micro bactérias, como as mycobacterium bovis, africanum e microti, também podem causar outro tipo de tuberculose.
Quais os sintomas?
Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados. Os mais freqüentes são tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, que se transforma em uma tosse com pus ou sangue. Cansaço excessivo, febre baixa geralmente à tarde, sudorese noturna, falta de apetite, palidez, emagrecimento acentuado, rouquidão, fraqueza e prostração são outros sinais evidentes da doença.
Em casos mais graves, o paciente também apresenta dificuldade na respiração, eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão). A incubação ocorre, em média, de quatro a 12 semanas até a descoberta das primeiras lesões. Grande parte dos novos casos de doença pulmonar ocorre por volta de 12 meses após a infecção inicial.
Como se transmite?
A transmissão da tuberculose é direta e ocorre de pessoa para pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Somente 5% a 10% dos infectados pelo Bacilo de Koch desenvolvem a doença. Portadores de HIV, diabetes, insuficiência renal crônica, desnutridas, idosos doentes, alcoólatras, usuários de drogas e fumantes são mais propensos a contrair a tuberculose. As populações mais vulneráveis à doença são as comunidades pobres que vivem em centros urbanos, as populações carcerárias, de rua, albergados e migrantes ilegais.
Como tratar?
O tratamento dura cerca de seis meses. Geralmente, são usados três tipos de antibióticos, administrados por um período mínimo de seis meses, sem interrupção, diariamente. Quase todos os pacientes que seguem o tratamento corretamente são curados.
Como se prevenir?
Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças de até quatro anos, obrigatoriamente, as menores de um ano, com a vacina BCG. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente ambientes fechados, e não utilizar objetos de pessoas doentes. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de aids não devem receber a vacina.
Como é feito o diagnóstico?
Após confirmada a suspeita pelo serviço de saúde, o exame indicado para confirmar o caso de tuberculose é a baciloscopia de escarro. A radiografia do tórax não confirma nem descarta o diagnóstico, apenas indica a extensão das lesões.