Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde com 178 meninas com idade média de 16 anos atendidas na Casa do Adolescente de Pinheiros, revelou que 76,7% das jovens que já tomaram a pílula do dia seguinte compraram o comprimido sem prescrição médica. A pesquisa mostrou ainda que a anticoncepção de emergência é um método conhecido por 95% das meninas. No entanto, o uso da pílula do dia seguinte sem orientação médica pode ser perigoso.
O uso da anticoncepção de emergência não pode ser freqüente. Cada dose da pílula do dia seguinte, formada por dois comprimidos, equivale à meia cartela de anticoncepcionais. Essa alta dose de hormônios pode provocar sangramentos, vômitos e fortes dores de cabeça. Além disso, a pílula do dia seguinte pode falhar em 15% dos casos.
Outro problema é que a adolescente, ao se apoiar no uso da pílula do dia seguinte, acaba não se prevenindo contra doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, por não usarem preservativos durante suas relações sexuais.
Mesmo devendo ser tomada em um período de até 48 horas depois da relação sexual, a adolescente deve procurar orientação médica antes de usar a pílula. A Casa do Adolescente está aberta a qualquer horário do dia para orientar as jovens.
O estudo também apontou para uma alteração no comportamento das garotas. Antes, era mais comum que elas fossem às farmácias acompanhadas por homens. Hoje em dia, a maioria delas vai à farmácia sozinha para adquirir o medicamento.
“As mulheres estão, cada vez mais, assumindo as conseqüências das situações. Como a pílula hoje é bem conhecida, elas vão sozinhas e compram. Mas isso é um medicamento forte, que não deve ser tomado sem orientação”, afirma a ginecologista e diretora da Casa do Adolescente Alberina Duarte Takiuti.