O Rio Guaíba, em Porto Alegre (RS), assim como outros do Rio Grande do Sul, tem apresentado preocupante elevação nos últimos dias. Por conta disso, diversas ações de resgate, prevenção e conscientização foram feitas durante todo o fim de semana, pela Defesa Civil do município, a Marinha do Brasil (MB), o Corpo de Bombeiros local e a Brigada Militar. Durante o trabalho, as agências contaram com a presença de militares da Capitania Fluvial de Porto Alegre (CFPA).
No sábado (21/6), mais de 20 pessoas foram resgatadas e encaminhadas para casas de familiares. No domingo (26), a força-tarefa percorreu a região do Braço Norte da Ilha dos Marinheiros. “Lá, fizemos uma busca ativa com os moradores, indo de casa em casa, oferecendo os serviços da Prefeitura Municipal, como por exemplo, o ingresso voluntário no abrigo que temos instalado na Zona Norte da cidade”, afirmou o Secretário Executivo da Defesa Civil de Porto Alegre, Evaldo Rodrigues de Oliveira Júnior.
Segundo ele, nesses abrigos a população encontra serviços de saúde, assistência social, alojamento e alimentação. “No entanto, ficou constatado junto à população que os serviços essenciais estão mantidos, como fornecimento de água potável e energia elétrica”, completou o gestor.
O Capitão dos Portos da capital gaúcha, Capitão de Mar e Guerra Flávio Firmino dos Santos, explica que a CFPA, subordinada ao Comando do 5º Distrito Naval, vem atuando de forma sinérgica com a Prefeitura, já que no início da semana foi registrado um índice pluviométrico acima do esperado na região do Vale do Taquari e na Região Metropolitana de Porto Alegre, conforme monitoramento contínuo realizado pela Defesa Civil.
“Colocamos à disposição o efetivo e os meios da Marinha, e participamos da reunião realizada no dia 20 de junho, na sede da Colônia de Pescadores Z-5, na Ilha da Pintada. Naquele momento, a cota de inundação estava próxima, porém, não houve necessidade de evacuar a população. O encontro com a comunidade foi importante para levar informação de qualidade e ouvir as demandas apresentadas”, afirmou o Capitão de Mar e Guerra Firmino.
Segundo o Capitão dos Portos, as ações demonstram que a cooperação e a solidariedade são essenciais para que se cuide melhor da população. “A situação atual está se estabilizando, com tendência de redução nos níveis do Guaíba nos próximos dias. Vale ressaltar que a CFPA segue zelando pela segurança da navegação na capital dos gaúchos e que as atividades das embarcações continuam sem restrições”, tranquilizou.
Boletim do Governo
O último boletim divulgado pelo governo estadual (dia 22, às 18h) informou que já são 127 municípios afetados pelas chuvas, sendo que um decretou estado de calamidade pública (Jaguari) e 21 declararam situação de emergência.
Ao todo, 5.958 pessoas estão desalojadas, 733 foram resgatadas, há um desaparecido e houve a confirmação de quatro mortos. Assim como no ano passado, diversos animais também foram afetados pelas cheias e precisaram ser resgatados (139 no total).
Segundo o Instituto de Meteorologia MetSul, a enchente que atinge o Centro do Rio Grande do Sul já é considerada a terceira maior da história do estado. No entanto, segundo a meteorologista Estael Sias, embora a situação atual seja grave, os dados técnicos indicam um cenário diferente — e menos extremo — do registrado no ano passado.
Acolhimento emergencial
O abrigo na Arena KTO (Avenida Severo Dullius, nº 1995), em Porto Alegre, permanece aberto. Na manhã deste domingo, 53 pessoas estavam no local, sendo 24 adultos (11 homens e 13 mulheres) e 29 crianças e adolescentes. Também foram acolhidos quatro animais de estimação (um cachorro e três gatos). As famílias abrigadas são oriundas de diferentes regiões: quatro do bairro Humaitá/Farrapos, quatro da Ilha da Pintada, uma da Ilha Grande dos Marinheiros e nove da Ilha do Pavão.
A Prefeitura de Porto Alegre reforçou que as operações continuarão enquanto houver necessidade, com o objetivo de preservar vidas e garantir acolhimento digno a todas as famílias afetadas.
Nível dos rios e lagos
A chuva deixou rios e lagos do estado em situação de atenção, alguns inclusive atingindo cota de inundação: Uruguai (São Borja a Uruguaiana), Ibirapuitã (Alegrete), Ibicuí (Manoel Viana), Jacuí (Cachoeira do Sul até o delta do Jacuí), Ilhas da Região Metropolitana de Porto Alegre e Sinos (Campo Bom e São Leopoldo).
Em cota de atenção estão os rios: Taquari (Porto Mariante), Caí (entre Nova Palmira e Costa do Rio Cadeia) e Santa Maria (Rosário do Sul e Dom Pedrito). Em cota de alerta, os rios Caí (São Sebastião do Caí e Montenegro); Guaíba (sem expectativa de atingir a cota de inundação do Cais Mauá ou Gasômetro); Gravataí (Gravataí e Alvorada); Taquari (Taquari) e Paranhana (Taquara).
Os rios Taquari (de Santa Tereza a Bom Retiro do Sul), Quaraí e Dona Francisca estão retornando à normalidade.
Mais informações
Para informações sobre os pontos com bloqueios parciais e totais nas estradas do RS e situação das barragens, além dos avisos e alertas da Defesa Civil e imagens do radar meteorológico, acesse os links abaixo:
• Pontos de bloqueios parciais e totais nas rodovias
• Aviso e alertas da Defesa Civil estadual
• Imagens do radar meteorológico da Defesa Civil estadual
Alertas
Para aumentar o nível de prevenção, as pessoas podem se cadastrar para receber os alertas meteorológicos da Defesa Civil estadual. Para isso, é necessário enviar o CEP da localidade por SMS para o número 40199. Em seguida, uma confirmação é enviada, tornando o número disponível para receber as informações sempre que elas forem divulgadas.
Também é possível se cadastrar via aplicativo WhatsApp. Para ter acesso ao serviço, é necessário se registrar pelo telefone (61) 2034-4611 ou clicando aqui . Em seguida, é preciso interagir com o robô de atendimento enviando um simples “Oi”. Após a primeira interação, o usuário pode compartilhar sua localização atual ou qualquer outra do seu interesse para, dessa forma, receber as mensagens que serão encaminhadas pela Defesa Civil estadual.
