Evento em São Paulo marca retomada após sete anos e reforça perspectiva de investimentos, geração de empregos e transição tecnológica no país
O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo reabriu as portas nesta quinta-feira (20) após sete anos de ausência, impulsionado por projeções de R$ 190 bilhões em investimentos até 2033 na indústria automotiva e pela avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o setor vive um marco histórico.
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Ao discursar na abertura do evento, Lula afirmou que o salão simboliza um divisor de águas para a indústria automotiva brasileira. Segundo ele, a volta do encontro demonstra competitividade e capacidade de atração de investimentos num momento em que o país tenta consolidar um novo ciclo de desenvolvimento. O presidente associou esse processo à busca por salários dignos e melhores perspectivas para os trabalhadores do setor, que acompanharam a cerimônia na capital paulista.

Lula destacou que o Brasil vive um ambiente de confiança maior do que nos anos anteriores, recuperando um patamar que, na sua avaliação, havia sido perdido após o auge da indústria no início da década passada. Ele lembrou que as vendas anuais caíram de 3,6 milhões de veículos em 2010 e 2011 para cerca de 1,6 milhão em 2023. Para explicar a retomada, apontou a necessidade de estabilidade política, econômica, fiscal, jurídica e social como condições básicas para previsibilidade e atração de investimentos.
O presidente da Anfavea, Igor Calvet, disse que o retorno do Salão do Automóvel evidencia a fase de expansão vivida pelo setor. Ele reafirmou que os investimentos anunciados até 2033 — R$ 140 bilhões das montadoras e R$ 50 bilhões da cadeia de autopeças — apontam para uma transição tecnológica que envolve descarbonização e inovação. Segundo a entidade, o segmento automotivo responde por quase 20% do PIB industrial brasileiro, reúne 53 fábricas em nove estados e registrou R$ 360 bilhões em receitas em 2024.
Representantes dos trabalhadores também celebraram a perspectiva de novos empregos. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, afirmou que os investimentos reforçam a cadeia produtiva nacional e estimulam a produção local, condição que considera essencial para consolidar a neoindustrialização.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, citou indicadores macroeconômicos para contextualizar o cenário de otimismo, como a inflação acumulada dos últimos anos, o nível de desemprego e o comportamento do crescimento econômico. Ele afirmou que o país deve registrar, até o fim do atual mandato presidencial, os melhores resultados dessas séries históricas. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin lembrou que a indústria automotiva enfrentava forte ociosidade em 2023 e atribuiu parte da retomada ao Programa Mover, voltado à mobilidade sustentável e à redução de emissões.
Principal vitrine do setor, o Salão do Automóvel de 2025 traz lançamentos, tecnologias e uma proposta renovada, com simuladores, espaços interativos, painéis e uma pista indoor de test-drive anunciada como a maior do mundo. O evento ocorre de 22 a 30 de novembro e pretende reposicionar o Brasil no circuito global dos grandes salões do setor.
Dados da Anfavea e de relatórios industriais indicam que o investimento projetado de R$ 190 bilhões até 2033 é o maior ciclo de aportes do setor desde 2012. Consultorias que monitoram o mercado automotivo apontam que a tendência de eletrificação, híbridos flex e tecnologias de baixo carbono está atraindo montadoras estrangeiras e startups de mobilidade. Informações do MDIC mostram que, mesmo diante da desaceleração global, o Brasil ampliou exportações para América Latina e África em 2024, fortalecendo o papel das montadoras instaladas no país como polos exportadores.




