Deputado é alvo de suspeitas de lobby ilegal e movimentações financeiras em território americano; especialistas alertam para risco de prisão federal
Por Sandra Venancio – Foto Marcelo Camargo/Agencia Brasil
O nome de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pode se tornar uma bomba diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Documentos e relatos apontam que o deputado federal teria atuado nos bastidores da política norte-americana em ações que beiram o lobby ilegal. Em mensagem enviada ao pai, Jair Bolsonaro, o parlamentar reconhece o risco: “Aqui é tudo muito melindroso, qualquer coisinha afeta”. E acrescentou: “na situação de hoje, você nem precisa se preocupar com cadeia, você não será preso. Mas tenho receio que, por aqui, as coisas mudem. Mesmo dentro da Casa Branca tem gente falando para o 01: ‘ok, Brasil já foi. Vamos para a próxima’.” A frase revela que Eduardo sabia estar pisando em solo perigoso. Conversa foi revelado em investigações da Polícia Federal.
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Na sequência, Eduardo reforçou a necessidade de Jair Bolsonaro publicar mensagem de agradecimento a Trump: “eu quero postergar este bom momento de agora, mas se o nosso cara vai encontrar o 01 sem nenhum tweet seu, te adianto que isto não será bem recebido.”
Nos EUA, ao contrário do Brasil, parlamentares estrangeiros não possuem imunidade. Isso significa que Eduardo pode ser investigado e até preso caso autoridades americanas confirmem movimentações ilícitas. Especialistas em direito internacional consultados apontam três pontos de atenção: possível violação da lei de agentes estrangeiros (FARA), suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo arrecadações via Pix no Brasil e eventual participação em articulações políticas consideradas ingerência em assuntos internos americanos.
O risco não é apenas político. Se Eduardo Bolsonaro tiver atuado como representante de interesses estrangeiros sem registro no Departamento de Justiça, pode ser condenado a até cinco anos de prisão e multa de US$ 250 mil. Se comprovada a entrada de recursos ilícitos nos Estados Unidos, a pena pode saltar para 10 ou até 20 anos por lavagem de dinheiro. E em caso de envolvimento em conspirações ligadas à política americana, como interferência eleitoral, o peso judicial é ainda maior.
Para além da legislação, o fator Trump é decisivo. A proximidade com o ex-presidente foi usada como trunfo eleitoral pelo clã Bolsonaro. Mas, se Donald Trump sentir-se enganado ou usado em alguma manobra, o rompimento pode ser imediato. Nesse cenário, Eduardo perderia seu principal ativo internacional e abriria espaço para investigações sem rede de proteção política.
A situação coloca o Brasil em posição delicada no tabuleiro diplomático. Um eventual indiciamento de Eduardo Bolsonaro nos EUA afetaria não só a família, mas também as relações oficiais do Itamaraty com Washington. Por enquanto, silêncio. Mas nos bastidores, cresce a pergunta incômoda: até onde Eduardo foi e quanto tempo falta para que a bomba estoure?