As eleições internas do Partido dos Trabalhadores (PT) em Campinas, marcadas para o próximo domingo (6), prometem ser uma disputa acirrada entre a ala pragmática ligada à CNB — que apoia a atual gestão federal — e a Articulação de Esquerda (AE), que busca ampliar seu espaço com uma plataforma mais radical. Os resultados locais podem indicar tendências para o cenário estadual e nacional.
Campinas, um dos diretórios mais importantes do PT no interior paulista, vive uma conjuntura eleitoral marcada pela disputa entre forças partidárias que refletem o debate nacional.
De um lado, a Construindo um Novo Brasil (CNB), maior corrente interna, com influência de líderes como Edinho Silva, Lula e Gleisi Hoffmann, articula uma chapa majoritária que tende a defender a continuidade do diálogo com o mercado e a manutenção das alianças políticas que deram sustentação ao atual governo.
Entre os nomes que lideram a CNB em Campinas estão vereadores como Pedro Tourinho e Paolla Miguel, que têm forte atuação na Câmara Municipal e no movimento sindical local. Eles contam com o apoio de importantes sindicatos filiados à CUT, como os bancários, professores e químicos, responsáveis por garantir uma ampla base de mobilização e votos para a chapa.
Na outra ponta, a Articulação de Esquerda (AE) tenta ampliar sua influência em Campinas lançando candidaturas próprias, apoiadas por militantes de movimentos estudantis, sindicatos de base e coletivos sociais mais combativos. Embora não possuam nomes de grande visibilidade pública na cidade, a AE é representada nacionalmente por figuras como Valter Pomar, que exerce forte articulação ideológica junto às bases locais.
A disputa também pode incluir grupos alinhados à Mensagem ao Partido, corrente ligada ao ex-presidente do PT, Rui Falcão, que aposta em uma posição de equilíbrio entre a esquerda radical e a ala pragmática, mas que não possui estrutura sólida no diretório campineiro.
A eleição municipal do PT em Campinas definirá os rumos locais do partido para os próximos anos, influenciando decisões sobre candidaturas municipais, estratégias eleitorais e o posicionamento em relação às pautas estaduais e federais.
Com o cenário político nacional em processo de renovação, o resultado da disputa interna em Campinas é visto como um termômetro importante para o futuro do PT no estado de São Paulo.
Eleições internas do PT em Campinas: quem são os grupos e como se alinham
Campinas tem tradição de ser um dos diretórios mais relevantes do PT no interior paulista, com disputa intensa entre alas pragmáticas (próximas da CNB, majoritária) e correntes mais à esquerda, como Articulação de Esquerda ou tendências ligadas a Rui Falcão.
CNB (Construindo um Novo Brasil) — Ala governista e pragmática
Edinho Silva é uma referência importante no interior paulista e influencia chapas locais. Prefeitos, vereadores e lideranças ligadas a mandatos institucionais (como parlamentares estaduais) costumam apoiar chapas CNB.
Em Campinas, lideranças históricas ligadas à CNB buscam manter o controle do diretório para garantir alinhamento com o governo federal e estadual (onde o PT faz parte de frentes).
Mais pragmática, foco em alianças amplas, gestão municipal e estadual forte, relação próxima com Lula.
Articulação de Esquerda — mais radical
Valter Pomar tem influência em grupos de militantes de base, juventude, sindicalistas e setores de movimentos sociais. Em Campinas, a AE já teve força em sindicatos de professores, metalúrgicos, estudantes da Unicamp e militância comunitária.Geralmente lança chapas próprias para disputar a presidência do diretório municipal e cargos nos setoriais.
Quer que o PT local se posicione mais claramente à esquerda, pressionando pela radicalização de pautas sociais, contra alianças “de centro” e pela mobilização de rua.
Tendências ligadas a Rui Falcão — esquerda pragmática
Rui Falcão é menos orgânico em Campinas, mas setores da Mensagem ao Partido ou correntes de perfil ético-institucional orbitam em torno de quadros ligados a ele. Na prática, podem se coligar com a CNB ou com a AE, dependendo da conjuntura local.
Situação provável em 2025
A disputa em Campinas tende a ter uma chapa governista (CNB) articulada por vereadores, deputados e lideranças sindicais alinhadas ao governo estadual. A AE deve ter candidatura própria, com discurso de “resgate do PT combativo”, mirando ampliar cadeiras nos setoriais e influenciar a política regional.
É comum haver alianças de ocasião, em que tendências menores se somam à CNB ou AE, dependendo da correlação de forças.
Cenários na cidade
Se a CNB ganhar, o diretório local seguirá mais próximo de Edinho, Lula, Márcio França e lideranças estaduais. Se a AE crescer, haverá mais pressão por radicalização de pautas — o que preocupa parlamentares que buscam alianças mais amplas na cidade.
Rui Falcão, se tiver influência, pode funcionar como ponto de equilíbrio entre a esquerda militante e a governabilidade.
Quem é quem no PT Campinas hoje?
Campinas é um diretório histórico e grande do PT no interior paulista, com forte base sindical, militância universitária (Unicamp e PUC) e presença em movimentos populares. Em geral, o diretório local sempre teve disputas entre a ala mais governista/pragmática (CNB) e correntes mais combativas, como a Articulação de Esquerda (AE).
Atualmente, o grupo mais forte costuma ser a CNB, que tem articulação com vereadores, ex-vereadores e quadros que ocupam cargos no governo estadual ou federal.
Nomes fortes na CNB (ala pragmática)
Edinho Silva é o principal nome de referência no interior — prefeito de Araraquara, muito ouvido por Lula, e apoiador direto de chapas pragmáticas em diretórios médios.
Em Campinas, é comum lideranças como:
Pedro Tourinho — ex-vereador histórico de militância mais à esquerda, mas pragmaticamente ligado à CNB nos últimos anos. Paolla Miguel — vereadora, também CNB, ligada a Edinho e Gleisi.
Quadros de sindicatos filiados à CUT, como bancários e professores estaduais mais governistas.
Geralmente, esses quadros lideram a chapa majoritária local.
Nomes fortes na AE (ala mais radical). A Articulação de Esquerda costuma ter como referências:
- Professores da Unicamp com histórico de diretório acadêmico;
- Lideranças do movimento estudantil e juventude;
- Militantes da CUT com perfil mais combativo, como educadores, metalúrgicos ou servidores públicos que fazem oposição interna à CNB.
Nomes como Valter Pomar aparecem como liderança nacional, mas localmente a AE tende a lançar quadros menos conhecidos do público, mas com força de base — por exemplo: ex-dirigentes da DCE da Unicamp, militantes de coletivos de bairro ou lideranças do movimento negro ou feminista de esquerda.
Tendências ligadas a Rui Falcão
Rui Falcão tem menos base orgânica em Campinas. Quem se aproxima dele geralmente vem da Mensagem ao Partido, ou quadros que defendem ética e maior autonomia do diretório. Muitas vezes se alinham à CNB ou AE, mas podem lançar chapa própria se houver espaço.
Prováveis chapas e disputa
Em 2025, é bastante provável ver:
- chapa majoritária governista, puxada por vereadores e quadros pragmáticos, alinhada a Edinho, Lula e à estrutura nacional.
- chapa da Articulação de Esquerda, defendendo uma guinada mais à esquerda, maior mobilização de base, oposição a alianças amplas com centro e direita.
Possível 3ª chapa de independentes (Mensagem ou grupo de esquerda moderada) se houver racha com a CNB.
Quem são os nomes prováveis da Articulação de Esquerda (AE)
A AE é menor, mas muito ativa em núcleos de juventude, universidades, coletivos periféricos e sindicatos de base. Nomes comuns na militância AE em Campinas incluem:
- Professores e estudantes da Unicamp — militantes do DCE, ex-dirigentes do Sindicato dos Docentes da Unicamp (Adunicamp).
- Lideranças ligadas ao Movimento Negro Unificado, coletivos feministas mais radicais e movimentos de moradia.
Valter Pomar é o grande articulador nacional, mas localmente são lideranças de base que encabeçam chapas — geralmente não são figuras públicas, mas podem ser reconhecidos na militância como “coordenadores regionais da AE”.
Tendências ligadas a Rui Falcão (Mensagem ao Partido)
- Esses grupos não têm estrutura orgânica forte em Campinas, mas podem aparecer como chapa independente ou coligada:
- Alguns sindicalistas mais antigos ou professores ligados ao debate da ética partidária podem lançar chapa separada para marcar posição.
- Costumam se aliar à CNB para manter espaço ou negociar cargos regionais.