A Secretaria de Saúde de Campinas, em parceria com a Defesa Civil, reforçou o trabalho de comunicação durante a vacinação contra a febre amarela de casa em casa nas áreas com maior risco de transmissão do vírus. A mobilização já reúne equipes de 11 centros de saúde (CSs) e o número de unidades básicas participantes subirá para 26 até o fim desta semana.
Um carro de som está percorrendo os bairros para orientar sobre a importância da dose e incentivar os moradores a buscarem por um CS caso ainda não tenham recebido a vacina ou queiram tirar dúvidas sobre a doença e imunização. A Defesa Civil acompanhou equipes de saúde entre sábado, 8 de fevereiro, e terça-feira, 11, incluindo uma ação na região do bairro Carlos Gomes. A partir desta quarta, 12, a equipe mudou a atuação e percorrerá regiões distintas do pessoal que aplica as vacinas para ampliar os avisos.
De acordo com o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, o papel de prevenção à febre amarela não deve ser apenas da Secretaria de Saúde, mas um trabalho sistêmico que envolve toda a Prefeitura e a sociedade civil. “Campinas tem um Comitê de Arboviroses em que discutimos questões importantes sobre a prevenção e proteção contra doenças como a dengue e a febre amarela. Ao utilizar os carros de som para alertar as pessoas e fazer a vacinação daquelas que moram em áreas rurais, de casa a casa, efetivamos as ações propostas. Para isso, precisamos do apoio de todos e a Defesa Civil não poderia ficar de fora desta estratégia. Estamos felizes em servir e ajudar nesta luta”, destacou.
Entre as áreas que receberão o carro de som estão Joaquim Egídio, Sousas, Piracambaia, Vale das Garças, Chácaras Leandro, Fazenda Santa Paula, Itapegrass, Fazenda Tozan, Bosque das Palmeiras, Chácaras São Martinho, Von Zuben, Parque Jambeiro e Coudelaria, Vila Formosa, Jardim Santa Marcelina, Jardim Estoril, Jardim Monte Líbano, Chácaras Buriti, Sítios Recreio Gramado e Chácara Estância Aveiros.
Outra estratégia implementada pela parceria entre Saúde e Defesa Civil é a entrega de um panfleto em imóveis onde não foram encontrados os residentes no momento da visita para vacinação. O objetivo é sinalizar que uma equipe já passou pelo local.
Vacina nos Centro de Saúde
Os 11 CSs que já iniciaram a estratégia de vacinação domiciliar são: Carlos Gomes, Jardim San Diego, Vila 31 de Março, Taquaral, Joaquim Egídio, Sousas, União dos Bairros, São Cristóvão, Parque Floresta, Village e Santa Rosa. Pelo menos 40 bairros foram visitados pelas equipes.
Já os outros 15 CSs que participarão da mobilização são: Barão Geraldo, Jardim Eulina, Jardim Santa Mônica, Parque Santa Bárbara, Jardim Paranapanema, Vila Orozimbo Maia, Vila Ipê, Jardim Esmeraldina, Jardim São Vicente, Jardim São Domingos, Jardim Nova América, Parque da Figueira, Carvalho de Moura, Campina Grande e Jardim São Cristóvão.
“A vacinação é a principal estratégia de prevenção e controle da doença, sendo essencial para a proteção da saúde. A atenção deve ser redobrada para aqueles que moram, atuam ou se deslocam para onde o risco de transmissão é maior”, explicou a coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Chaúla Vizelli.
Quem pode tomar a vacina
A orientação do Programa de Imunização é para que todos os moradores de Campinas, a partir de 9 meses, que ainda não receberam a dose, compareçam aos CSs para aplicação. Vale destacar, porém, que a vacinação é seletiva, ou seja, as pessoas a partir de 5 anos que já tomaram uma dose ao longo da vida não precisam receber outra. Quem tiver dúvidas sobre já ter recebido ou não o imunizante deve procurar uma unidade básica.
A ampliação da vacinação vale para os seguintes grupos em áreas de risco:
- Crianças de 6 a 8 meses: recebem uma dose durante a ação. Os responsáveis serão orientados para garantirem a vacinação completa, sendo: uma dose aos 9 meses e uma dose de reforço aos 4 anos.
- Pessoas com 60 anos ou mais: a vacinação será realizada dependendo da avaliação do risco relacionado às comorbidades, doenças autoimunes, tratamentos específicos ou uso contínuo de medicamentos que contraindiquem a aplicação da vacina febre amarela nessa faixa etária.
- Gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses: são orientadas a suspender a amamentação por dez dias após a vacinação e recebem as recomendações para extração e armazenamento do leite materno antes da vacinação. Dessa forma o aleitamento neste período pode ser garantido.
“Moradores das áreas urbanas que visitam ou frequentam áreas de floresta, mata fechada, borda de mata e região rural devem receber uma dose dentro dos critérios de ampliação de vacinação”, explicou a enfermeira Cíntia Bastos, do Programa de Imunização de Campinas.
Serviço
As salas de aplicação da dose funcionam conforme horário de cada centro de saúde. Os endereços e contatos estão no site: https://vacina.campinas.sp.gov.br.
Reforço em ações e contexto
A Pasta encontrou em 20 de janeiro um macaco morto na região do Carlos Gomes que testou positivo para febre amarela. Este animal não é transmissor, mas, sim, vítima da doença. A presença de primatas doentes serve como “alerta” aos órgãos da saúde sobre a circulação do vírus, uma vez que quando contaminados eles dificilmente sobrevivem.
Já em 6 de fevereiro a Saúde confirmou a primeira morte de residente em Campinas provocada por febre amarela neste ano. O caso, único desde janeiro, refere-se a um homem de 39 anos que residia em área rural de Sousas, onde o risco de transmissão da doença é maior.
O óbito ocorreu em 3 de fevereiro e a causa foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, no dia 6. O homem não era vacinado contra febre amarela.
Ele chegou a receber assistência em saúde na cidade de Jaguariúna, onde ficou internado. Na ocasião ele apresentava sinais hemorrágicos e insuficiência renal. A Secretaria de Saúde de Campinas lamenta o óbito e se solidariza com a família.
O caso anterior de humano com febre amarela silvestre contraída em Campinas havia sido de um homem em 2017, que esteve na zona rural da área atendida pelo CS Sousas. O caso evoluiu para cura. Já a febre amarela urbana teve o último caso no Brasil em 1942.
A doença
A forma da doença que ocorre no Brasil é a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, em regiões fora dos centros urbanos. É uma doença grave, que se caracteriza por febre repentina, calafrios, dor de cabeça, náuseas e leva a sangramentos no fígado, no cérebro e nos rins, podendo, em muitos casos, causar a morte.