Após 25 anos de negociação, tratado avança para etapa final, mas ainda enfrenta resistências ambientais e disputas políticas dentro da UE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia será formalizado em 20 de dezembro, durante evento programado em Brasília. A declaração foi dada na África do Sul, após a Cúpula do G20, e marca o ponto mais avançado das tratativas desde o início das conversações, em 1999.
Lula destacou que o pacto criará uma zona econômica formada por mais de 700 milhões de pessoas e um PIB combinado que ultrapassa US$ 20 trilhões. Ele afirmou que a assinatura envolverá duas etapas: o acordo comercial provisório e, posteriormente, o documento completo, cuja implementação depende da aprovação legislativa nos países participantes.

Mesmo com o avanço, a trajetória até a vigência integral ainda é longa. O Parlamento Europeu deverá votar o texto, que enfrenta críticas de países como a França, que teme impactos sobre o setor agrícola. Para entrar em vigor, ao menos 15 dos 27 Estados-membros da União Europeia precisam ratificar o acordo, representando 65% da população do bloco.
Na Europa, o debate segue polarizado. Produtores rurais franceses e de outros países afirmam que o tratado ameaça a competitividade local e flexibiliza regras ambientais. Já a Comissão Europeia argumenta que o documento preserva exigências rígidas e oferece uma alternativa estratégica para reduzir dependências externas, especialmente da China. Governos favoráveis ao pacto, como Alemanha e Espanha, veem no Mercosul um mercado em expansão para máquinas, veículos, produtos químicos e alimentos de alto valor agregado.
Os defensores também destacam o potencial de acesso a minerais essenciais para a transição energética. Países sul-americanos, por sua vez, insistem que medidas unilaterais de salvaguarda ou normas ambientais criadas pela UE devem seguir estritamente o que foi negociado. Para o Brasil, o acordo abre espaço para ampliar exportações agrícolas e fortalecer cadeias industriais.
Lula afirmou ainda que os chefes de Estado do Mercosul devem se reunir no início de janeiro, em Foz do Iguaçu, devido à impossibilidade de participação do presidente do Paraguai na data original. Apesar da alteração na agenda, a assinatura do acordo está mantida para o dia 20 de dezembro, durante evento em Brasília.




