Presidente brasileiro recebe chefes de Estado e de governo para preparar a COP30 e propõe taxação de luxo, aviação e grandes fortunas como fontes de financiamento climático
Por Sandra Venancio
Belém (PA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta quinta-feira (6), em Belém, a Cúpula do Clima, encontro que reúne líderes de países florestais e parceiros internacionais para discutir mecanismos de combate às mudanças climáticas e definir caminhos para a COP30, conferência da ONU que será sediada pela capital paraense em 2026.
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A reunião consolida o Brasil como protagonista na diplomacia ambiental e busca construir consensos sobre o financiamento global da transição verde, ponto mais sensível da agenda climática. Ao lado das presidências da COP29 (Azerbaijão) e da futura COP30 (Brasil), Lula apresentou o “Roteiro de Baku a Belém”, plano que prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 para ações de mitigação, adaptação e transição energética nos países em desenvolvimento.

O documento, de caráter técnico e político, propõe novas fontes de arrecadação para custear a luta contra o aquecimento global — incluindo taxas sobre aviação e transporte marítimo, impostos progressivos sobre grandes fortunas e tributação sobre produtos de luxo e transações financeiras internacionais.
Entre as medidas mais ambiciosas, estão a revisão das políticas de crédito dos bancos multilaterais, a reforma do sistema financeiro global e a troca de dívidas por compromissos ambientais. A meta é aliviar o endividamento de países pobres e garantir previsibilidade no fluxo de recursos para projetos sustentáveis.
A agenda do presidente começou cedo, com a recepção dos chefes de delegação no Parque da Cidade, seguida da plenária principal da Cúpula, em que Lula reforçou o papel do Brasil como articulador entre as nações tropicais. Ao longo do dia, o presidente manteve reuniões bilaterais com líderes estrangeiros, incluindo o príncipe William, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron, tratando de cooperação climática e investimentos no Fundo Amazônia.
Durante o almoço com os chefes de Estado do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, Lula destacou que “a preservação ambiental não pode ser vista como obstáculo ao desenvolvimento, mas como motor de uma nova economia global baseada na justiça climática”.
À tarde, o presidente presidiu a mesa temática “Clima e Natureza: Florestas e Oceanos”, dedicada a discutir mecanismos de proteção ambiental e inclusão social. O encontro foi encerrado com a foto oficial dos líderes e um coquetel no Palácio dos Cabanos, oferecido por Lula e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Mais do que um preparativo técnico para a COP30, a Cúpula de Belém marca um passo político decisivo. O Brasil assume o papel de mediador entre o Norte e o Sul Global, defendendo um modelo de transição justa, que una desenvolvimento, financiamento e proteção ambiental.
“O mundo precisa entender que não há futuro possível sem floresta em pé e sem justiça social”, afirmou Lula, ao encerrar o encontro sob aplausos dos líderes presentes.




