A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfrentou novos ataques de parlamentares durante audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, nesta quarta-feira (2). Convocada para prestar esclarecimentos sobre políticas ambientais, Marina foi hostilizada por deputados da bancada ruralista, repetindo o cenário de tensão que já havia ocorrido no Senado em maio.
A audiência pública desta quarta-feira (2) reforçou o clima de embate entre o Ministério do Meio Ambiente e setores do Congresso Nacional ligados ao agronegócio. Durante a sessão, parlamentares acusaram Marina Silva de “radicalismo ambiental” e de travar projetos de expansão agrícola e de infraestrutura no país.
A ministra, por sua vez, rebateu as acusações afirmando que “cumpre a lei e protege o patrimônio ambiental brasileiro”, destacando que o país precisa conciliar produção econômica com preservação para atender a acordos internacionais, como o Acordo de Paris.
Esta não é a primeira vez que Marina é alvo de ataques diretos de parlamentares. Em maio, durante uma audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, a ministra também foi hostilizada por senadores insatisfeitos com medidas de fiscalização mais rígidas e embargos a empreendimentos em áreas de preservação.
Conflito histórico
Marina Silva, que ocupa o Ministério do Meio Ambiente pela terceira vez — tendo passado pelas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2008) — sempre enfrentou forte resistência de setores ligados ao agronegócio. O desmatamento na Amazônia, licenciamento ambiental e demarcação de terras indígenas são temas centrais de conflito.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia Legal caiu 22,3% em 2023 em comparação a 2022, um dos resultados apontados pelo ministério como prova de eficácia das políticas de fiscalização ambiental. Por outro lado, a bancada ruralista, hoje organizada na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) — que conta com mais de 300 parlamentares — defende maior flexibilização das regras para ampliar a produção.
Discursos ofensivos
Após os novos ataques, a equipe de Marina avalia apresentar uma representação contra discursos considerados ofensivos. O governo, por sua vez, tenta construir pontes com a FPA para viabilizar votações importantes no Congresso, como a regulamentação do marco temporal para demarcação de terras indígenas e a aprovação de projetos ligados à transição energética.