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quarta-feira, dezembro 4, 2024

Mostra traz a São Paulo filmografia da única diretora do Cinema Novo

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A obra Carmen Miranda: Banana is My Business aborda trajetória da atriz e cantora

 

A partir da próxima quarta-feira (7), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), apresenta a obra da cineasta Helena Solberg. Nascida no Rio de Janeiro, em 1938, a diretora estreou na década de 1960 e é um dos principais nomes do Cinema Novo. Apesar de ter trabalhado ao lado de diretores como Rogério Sganzerla, que fez a montagem do seu primeiro curta-metragem, A Entrevista, de1966, Helena Solberg não é tão lembrada quanto os colegas que fizeram parte do movimento que mudou o cinema brasileiro.

Com 24 exibições, além de debates, a retrospectiva traz toda a filmografia da diretora. Segundo o curador Leonardo Amaral, o objetivo é resgatar a obra de Helena, “que tem uma importância muito grande dentro da história do cinema brasileiro. É a única mulher dentro do Cinema Novo e pouquíssimo comentada”.

Influenciado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague (Onda Nova) francesa, o Cinema Novo foi um movimento caracterizado por filmes de baixo orçamento, temática popular e que buscavam um realismo brasileiro.

Carmen Miranda

Na primeira noite, será exibido o documentário Carmen Miranda: Bananas Is My Business. O filme foi realizado após o retorno de Helena ao Brasi, que viveu e produziu nos Estados Unidos nas décadas de 70 e 80. Helena voltou ao país depois da redemocratização, na década de 90. “[Carmen Miranda: Bananas Is My Business] pode ser visto como um filme político também, porque, além uma personagem feminina, que se conecta a essas várias obras dela, apresenta a questão da mulher”, destaca Leonardo Amaral, ao relacionar a filme com o restante da obra da cineasta, que aborda temas políticos e feministas.

“Ela faz um resgate da [atriz e cantora] Carmen Miranda, em uma tentativa de traçar uma imagem que não fosse aquela vista nos Estados Unidos, do exotismo, das bananas. A ideia era trazer a Carmen Miranda enquanto uma personagem forte, uma expressão brasileira nos Estados Unidos”, diz o curador da mostra, ao explicar como a narrativa é construída.

Para Amaral, o longa reflete, até certo ponto, a própria trajetória da diretora. “Há até um certo espelhamento entre a Carmen Miranda e a Helena Solberg. Elas vão aos Estados Unidos, e é lá, de uma certa maneira, que elas afirmam a sua obra.”

Enquanto estava no exterior, Helena fez documentários que abordam a violência dos regimes ditatoriais no Chile, comandado por Augusto Pinochet, e no Nicarágua, governada por Anastasio Somoza. Em especial sobre este último, Das Cinzas – Nicarágua Hoje, de 1982, também coloca em foco a luta do movimento sandinista pela libertação do país.

A cineasta Helena Solberg (D), em ação em um de seus primeiros filmes
A cineasta Helena Solberg (D), em ação em um de seus primeiros filmes
As questões relativas à mulher foram uma constante na produção de Helena Solberg, cujo último filme, lançado no ano passado, Meu Corpo, Minha Vida, tem como tema o aborto. De acordo com Leonardo Amaral, a obra aborda os problemas que as mulheres enfrentam em relação ao próprio corpo. O longa-metragem Meu Corpo, Minha Vida foi pensado para ser exibido na televisão, acrescenta Amaral.

Os temas relacionados à mulher perpassam toda a obra da cineasta. Em seu primeiro curta-metragem, a diretora entrevistou diversas jovens sobre virgindade, casamento, sexo e política, sobrepondo as falas com imagens de uma moça que se prepara para um casamento. A Dupla Jornada, de 1975, busca reproduzir situações e as condições de vida de mulheres latino-americanas que trabalham fora de casa.

A mostra sobre a obra da cineasta Helene Solberg vai até o dia 19 deste mês no CCBB, no centro da cidade.

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