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sexta-feira, setembro 20, 2024

MP divulga novas escutas telefônicas de investigados na operação do Hospital Ouro Verde

Data:

Na lista dos investigados há nomes de autoridades, secretário de finanças, vereador, empresários e um comunicador de imprensa

 

Campinas mais uma vez é alvo de esquema de corrupção, desvio de recursos e lavagem de dinheiro. A operação, comandada pelo promotor José Cláudio Baglio, do Ministério Público (MP) e da Polícia Militar, já cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e seis de prisão, desde o dia 30 de novembro.

A operação foi comandada pelo promotor Daniel Zulian do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime. Segundo o promotor, um grupo de pessoas ligadas a administração municipal, ao legislativo e empresários de Campinas, da capital e região do estado de São Paulo, estariam envolvidos em um grande esquema de desvios de recursos da saúde, no total de R$ 4,5 milhões da Organização Social (OS) Vitale.

 

Prisões em Campinas

De acordo com o tenente-coronel da Polícia Militar Marci Elber, que comandou a operação em Campinas, foram cumpridos três mandados de busca, apreensão e prisão no condomínio Alphaville Dom Pedro. Todo o material apreendido na operação foi levado para a sede do MP.

O médico, Fernando Vitor Torres Nogueira Franco foi preso em sua casa. Ele era diretor técnico do Hospital Ouro Verde. Na prisão os policiais levaram documentos e carros de luxo. Na casa do diretor da Secretaria de Saúde, Anésio Corat Júnior foram aprendidos R$ 1,2 milhão em dinheiro. O médico Gustavo Khattar Godoy, filho do diretor executivo da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) Silvino de Godoy, também foi alvo da operação. Os policiais cumpriram mandado na residência de Ramon Luciano Silva e, na secretaria de saúde na Prefeitura Municipal de Campinas.

 

Prisões interior do estado

Em São Paulo, os policiais prenderam Daniel Augusto Gonzales Câmara e Paulo Câmara envolvidos nas licitações. A operação também cumpriu mandados de busca e apreensão em Bariri (SP), onde uma mulher foi presa na sede da Vitale, Aparecida Bertoncelo e Ronaldo Foloni.  O secretário municipal de saúde de Mogi das Cruzes (SP) também foi preso na operação. Há suspeitos de envolvimento no esquema da Vitale nas cidades de Santa Branca, Ubatuba e Várzea Paulista. Todos os detidos foram encaminhados para a 2ª Delegacia Seccional de Campinas, no Jardim Londres.

 

Como funcionava o esquema

Empresários ligados a Vitale utilizavam a entidade para obter vantagem e desvio de recursos públicos da área de saúde. A Vitale assumiu a organização social da unidade médica em julho, mas o contrato de cinco anos foi assinado em abril deste ano, com repasse mensal previsto em R$ 10,9 milhões. O contrato passou pela Câmara Municipal de Campinas, onde foi suspenso para que a empresa pudesse se adequar as exigências do certame. Empresários investigados planejavam parar o funcionamento das atividades do Hospital Ouro Verde para pressionar a liberação de verbas da prefeitura. O hospital passa por uma grave crise com atraso de pagamento de salários, além da falta de insumos básicos como gazes e seringas.

 

MP divulga mais nomes de investigados

O Ministério Público monitorou com autorização da Justiça, ligações telefônicas dos investigados, Silvio Bernardin secretário de Negócios Jurídicos, e do vereador Marcos Bernardelli (PSDB).  O MP divulgou áudios de conversas entre Sílvio Bernardin com o secretário de Saúde Cármino de Souza (ele não é investigado); e do vereador Marcos Bernadelli (PSDB) com Ronaldo Foloni, apontado como um dos donos da OS, e que está preso.

 

Diretor da RAC é investigado

Desde abril, os promotores interceptaram 32 linhas telefônicas de 25 pessoas. Em uma delas há uma conversa do Diretor-Presidente da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), Sylvino de Godoy com o prefeito Jonas Donizette (PSB). Outra gravação mostra Sylvino de Godoy com o diretor da Vitale, Ronaldo Foloni, onde ele afirma que em reunião com o prefeito, ele garantiu que os recursos entrariam no caixa da prefeitura até o final de novembro. Em outro diálogo, Sylvino afirma a Ronaldo, que estava pressionando o secretário de assuntos jurídicos, Silvio Bernardin para liberar mais verba, através de um aditamento de contrato da Vitale.

Sylvino vai mais longe ao assegurar a Ronaldo Foloni, que pressionava o prefeito, pois caso não houvesse a liberação de mais verba, ele poderia se complicar editorialmente com o jornal, ao qual ele é diretor. “Eu falei isso para o Jonas. Eu adverti ele disso. Tá, a gente não vai poder fazer nada, pô. A gente vai ter que noticiar, lógico, um colapso desse tamanho”. E finaliza afirmando a Foloni “Isso vai pesar muito contra o Jonas”.

Sylvino de Godoy é pai do médico, Gustavo Khattar de Godoy, proprietário da empresa de radiologia que presta serviços à Vitale. Segundo o MP, em 2016 a empresa de Khattar faturou meio milhão de reais.

Nas escutas, o médico Gustavo Khattar, disse a Foloni, que quem colocou a Vitale no Ouro Verde, foi ele, pois o prefeito era amigo de seu pai.  “A Vitale só havia vencido a licitação em Campinas, graças à intervenção de meu pai, com o prefeito Jonas Donizette. Em troca, o jornal Correio Popular cessaria as “matérias negativas” contra o prefeito, em relação a saúde municipal”.  Segundo Gustavo, o prefeito tinha prometido dar a ele a próxima licitação da OS. ”

Uma outra ligação disponibilizada pelo MP, no dia 11, consta uma ligação do Diretor de Jornalismo da Rádio CBN, Marco Massiarelli e Silvino de Godoy, onde ele pede ao jornalista que omita o nome do filho, Gustavo Khattar, em matérias relacionadas à operação. O pedido foi negado pelo jornalista.

 

Posição dos vereadores

Os vereadores da oposição Pedro Tourinho (PT), Carlão (PT), Tenente Santini (PSD), Marcelo Silva (PSD), Gustavo Petta (PCdoB), Mariana Conti (PSOL) e Nelson Hossri (Podemos), não conseguiram a adesão de 11 parlamentares para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que deve apurar o esquema de desvio de dinheiro da saúde em Campinas.  Os vereadores da base do governo argumentaram que não assinariam uma CPI encabeçada pelo PT. Diante disso, o vereador Tenente Santini abriu uma nova CPI, mas mesmo assim houve resistência. Os vereadores optaram por abrir uma Comissão de Representação, aprovada na sessão da Câmara do dia 11. A comissão vai apurar o convênio entre a Prefeitura e Vitale. Na primeira fase serão avaliados documentos e extratos.

Para a oposição, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é o que dá mais cunho jurídico, ao passo que a Comissão de Representação, por exemplo, não têm competência para aprovar, caso seja necessário, uma condução coercitiva – quando o depoimento de uma pessoa se torna obrigatório.

O nome do deputado Luiz Lauro Filho também apareceu nos grampos do Ministério Público por suposta troca de favores entre o deputado e o lobista da Vitale, Fernando Vitor. O deputado não é investigado. Uma pessoa do gabinete do deputado pede a Fernando para transferir um paciente para o Ouro Verde. Ao que ele responde, que vai atender ao pedido, porém solicita que o parlamentar interceda pela Vitale junto ao prefeito Jonas Donizette (PSB)

 

Confira a íntegra do processo do MP.

https://onedrive.live.com/?cid=03570fcc65aa5aee&id=3570FCC65AA5AEE%21121&ithint=file,pdf&authkey=!ANVBMgcyRih5Q-I

 

 

 

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