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sábado, junho 7, 2025

Seis cidades no Pará não recebem inscrições para o Mais Médicos

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No Pará, os municípios mais afastados dos centros urbanos e que apresentam maior dificuldade de acesso ao transporte têm baixa procura pelos médicos brasileiros no Programa Mais Médicos. É o que aponta uma previa do número de inscrições feitas até segunda-feira (26).

De acordo com a coordenadora da Comissão Estadual do Programa Mais Médicos, Sônia Bahia, o edital oferece 524 vagas e até o momento 431 candidatos se inscreveram. Apesar do número de inscritos corresponder a 83% do total das vagas, ainda há localidades descobertas pelo programa.

No Baixo Amazonas são oferecidos 70 postos de trabalho e até segunda-feira haviam 55 inscritos. A região do Marajó é a que mais preocupa, das 39 vagas somente 15 médicos brasileiros se mostraram interessados em trabalhar naquela localidade. Aveiro, Trairão, Santa Cruz do Arari, Faro, Curralinho e Curuá, cidades consideradas com perfil de extrema-pobreza, até o dia 26 de novembro, não haviam recebido cadastros para a ocupação das vagas.

Concentração

A procura se concentrou em municípios que estão em regiões próximas da capital e centros urbanos com vias de acesso mais fáceis de transporte. Contudo, a coordenadora explica que mesmo nessas regiões há unidades de saúde que estão localizadas em áreas mais afastadas.

“A gente só vai poder ter uma real situação de como ficou as vagas, o preenchimento delas efetivamente após a ida do médico, verificação da documentação, se [ele] vai mesmo poder cumprir com a carga horária preconizada, que é de 40 horas, se vai permanecer no município e se vai ser possível cumprir todas essas exigências que o programa já traz”, esclarece.

Até 14 de dezembro os profissionais deverão se apresentar no município selecionado e entregar todos os documentos exigidos no edital. As inscrições vão até o dia 7 de dezembro pelo site http://maismedicos.gov.br/.

Ainda segundo Bahia, somente a partir do dia 18 de dezembro, data da publicação da homologação, é que será possível “ter um panorama efetivo se houve realmente preenchimento de todas as vagas ou se não houve a apresentação de algum profissional. Caso não tenha sido preenchida, a vaga retorna para que seja feita uma nova chamada”.

Marajó e Tapajós

Enquanto isso, em Afuá, município que integra o arquipélago do Marajó, o posto de saúde de Capim Marinho lotou na terça-feira (27). Era o último dia de trabalho dos médicos cubanos que atendiam no bairro, como relata a universitária Luziane Palmerim Alves, 19 anos.

“Eu fui ao médico com uma amiga e devido a isso [último dia de trabalho] a gente não conseguiu consulta pra ela, que já estava marcada, porque eles estavam atarefados e atendendo muitas pessoas, era o último dia deles”.

Ela lembra que antes da chegada dos médicos o atendimento no posto de saúde era feito por uma enfermeira e havia muita dificuldade para marcar consulta. Alves lamenta a saída dos médicos, principalmente, porque as pessoas que vivem nas comunidades ribeirinhas mais afastadas serão as mais prejudicadas.

“É bastante triste porque a gente quer ajudar uma pessoa que vem do interior, vem quatro horas de embarcação pegando maresia e chega aqui não tem como conseguir uma consulta, não tem um médico para atender”, conta.

De Belém, capital paraense, até Afuá, segundo Alves, são quatro dias de barco. Até segunda, somente uma vaga foi preenchida e restam ainda duas. Situação, que a princípio seria diferente em Santarém, município polo da região do Baixo Amazonas.

De acordo com a Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), as 17 vagas disponibilizadas foram rapidamente preenchidas, contudo “dois médicos desistiram após saberem que iam atuar na zona rural”.

Por meio de nota, a prefeitura comunicou que os médicos desistiram ao saberem que seriam deslocados para as comunidades de Curuai e de Vila Socorro, na região do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) da Gleba Lago Grande.

Curuai, também conhecida como Vila Curuai, é onde mora João Oliveira, 67 anos, diretor na rádio comunitária da vila. Ele relata que o médico cubano atendia ao todo 64 comunidades ribeirinhas.

“Todas as semanas ele [médico cubano] estava aqui, atendendo esse povo, era muito importante, inclusive ele atendia em outras comunidades. Ele era baseado aqui em Curuai esses três dias, mas ele tirava um dia para atender nas comunidades mais distantes da vila e agora nós não temos médico”.

Oliveira conta que para chegar em Santarém são sete a oito horas de barco. A Prefeitura afirmou que a Semsa levará “equipes da cidade para realizar ações de atendimento a essas populações”.

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