Interrupção das atividades do Master congela contas e investimentos, e o Fundo Garantidor de Créditos inicia maior ressarcimento da história após colapso da instituição
Por Sandra Venancio
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central na terça-feira (18), deflagrou o maior acionamento do Fundo Garantidor de Créditos já realizado no país. Cerca de 1,6 milhão de clientes terão direito a receber R$ 41 bilhões, valor coberto dentro do limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, após o congelamento de contas e aplicações financeiras da instituição.
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A decisão do Banco Central encerrou imediatamente as operações do Banco Master, determinando o bloqueio de bens e o congelamento de todos os recursos aplicados pelos clientes. Isso inclui valores mantidos em conta corrente, poupança, CDBs, RDBs e títulos como LCIs, LCAs, LCDs e Letras Hipotecárias (LH).

Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foi acionado para ressarcir correntistas e investidores até o limite legal de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e por instituição. O FGC cobre tanto o capital investido quanto os rendimentos acumulados até a data da liquidação. Para clientes com valor superior ao teto, a diferença passa a compor o chamado saldo remanescente, que permanece registrado no processo de liquidação do banco.
Os rendimentos dos CDBs e demais títulos do Master ficam congelados a partir de 18 de novembro, dia da liquidação. Já os recursos mantidos em contas correntes e poupança continuam sujeitos à correção monetária prevista em norma. O imposto devido é descontado automaticamente, seja pela instituição liquidada ou pela corretora na qual a aplicação foi feita.
A liquidação ocorre um dia após a crise do Banco Master vir a público com intensidade. Entre a manhã e a noite de terça-feira, a instituição passou do anúncio de aquisição pela Fictor Holding Financeira ao encerramento definitivo determinado pelo Banco Central, que apontou incapacidade operacional e riscos sistêmicos.
Para receber o ressarcimento, os credores devem seguir etapas definidas pelo FGC. O liquidante nomeado pelo BC envia ao Fundo a lista de pessoas físicas e jurídicas com direito à garantia. Depois disso, o cliente acessa o aplicativo oficial do FGC, confirma seus dados e assina digitalmente o termo de pagamento — no caso de empresas, o termo é encaminhado diretamente aos representantes legais. Após validação, o depósito é feito em até 48 horas úteis na conta indicada pelo beneficiário.
A liquidação extrajudicial transforma o Banco Master em uma instituição em encerramento. O liquidante assume controle total, encerra todas as operações, negocia ativos e paga credores segundo a ordem legal até a extinção definitiva do banco. A decisão evidencia falhas estruturais apontadas pelas autoridades desde 2024, quando se iniciaram investigações sobre a emissão de títulos de crédito insubsistentes.
A queda do Master ocorre no esteio da operação da Polícia Federal que prendeu o proprietário da instituição, Daniel Vorcaro, sob suspeita de crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
Entenda o impacto para o sistema financeiro
A liquidação do Banco Master aciona o maior desembolso da história do FGC e testa a resiliência do sistema de garantias brasileiro. Especialistas ressaltam que o pagamento imediato reduz risco de contágio bancário, mas expõe fragilidades no monitoramento de instituições de médio porte — especialmente aquelas envolvidas em operações com lastro duvidoso. A expectativa agora é que o BC intensifique critérios de supervisão e revise regras de concentração de investimentos de fundos de previdência e municípios, muitos deles expostos às emissões do Master.




