Setores da inteligência brasileira avaliam riscos institucionais enquanto o deputado Alexandre Ramagem permanece fora do país em meio a investigações
A permanência do deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, nos Estados Unidos tem provocado preocupação em setores civis e militares envolvidos com segurança institucional. Fontes ligadas à inteligência afirmam que a ausência prolongada ocorre em um momento em que o parlamentar é alvo de investigações sensíveis, o que reacende o debate sobre potenciais riscos relacionados ao acesso que ele teve a informações classificadas durante sua gestão.
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Desde que deixou o comando da Abin, Ramagem tornou-se figura central em apurações sobre supostos usos indevidos de ferramentas de inteligência durante o governo anterior. Sua ida aos Estados Unidos, após decisões judiciais que visam restringir movimentações de investigados em casos correlatos, chamou atenção de órgãos responsáveis pela proteção de dados estratégicos.

Fontes da inteligência relatam que a preocupação não se concentra apenas no deslocamento internacional em si, mas no momento em que ocorre: investigações, relatórios sigilosos e trocas de informação entre instituições estatais estão em curso desde o avanço de operações da Polícia Federal que apuram eventuais irregularidades administrativas e políticas em estruturas de monitoramento.
Apesar de não haver confirmação de que Ramagem deixou o país com documentos sensíveis, analistas apontam que sua posição anterior lhe deu acesso a dados estruturais do sistema de inteligência, fluxos internos, protocolos e informações sobre operações iniciadas ou planejadas no período.
Origens da crise: o que as investigações miram
As principais frentes investigativas envolvendo a antiga gestão da Abin tratam de:
- Uso indevido de sistemas de geolocalização sem autorização judicial
- Potenciais interferências em processos investigatórios
- Relações entre estruturas de inteligência e atores políticos
- Eventuais vazamentos de informações classificadas
Essas linhas de apuração concentram participação da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal, Tribunal de Contas da União e análise de dados financeiros pelo Coaf.




