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domingo, setembro 22, 2024

Cara feia, choro, bico…

Data:

“Meu filho não come”…

“Ele passa duas horas na mesa e não toca na comida, não é fã de comida”…

“Ele só come quando quer”…

“Minha filha só come bobagens”…

Felicidade de mãe é ver o filho limpar o prato. Ver a prole bem alimentada tem o dom de levar as mulheres ao paraíso. A preocupação materna com a nutrição da criança começa bem antes do parto. A mulher grávida pensa mais na qualidade dos nutrientes que cruzarão a placenta do que nela própria. E depois do nascimento, muitas desenvolvem aquela mania de achar que “o leite materno é ralo”. E mais adiante, mais sofrimento… As mães das crianças obesas sofrem. As mães de crianças magras sofrem mais. As que têm filhos com apetite desregrado, então, vivem o inferno na terra.

Os transtornos alimentares são ainda mais prevalentes nas crianças, alcançando 25% delas, aumentando para 80% quando se refere à criança com rejeição alimentar. Esta rejeição costuma coincidir com a descoberta da criança de que a mãe irá oferecer outro alimento mais palatável, por exemplo, um biscoito, diante da sua recusa em consumir a refeição.

Quando um bebê mama, ele não ingere apenas leite, ele se nutre emocionalmente, brinca, ama e sente angússtias inomináveis também. Alguns são esganados, mamam como se fosse aquela a última vez, outros são parcimoniosos. Há os que lutam contra a fome ou os que provocam suas mães. A maneira de tratar o seio/alimento indica características da personalidade do bebê e da relação com a mãe. O desmame, por exemplo, é um momento muito delicado dessa relação.

Quando a criança se recusa a comer é necessário investigar quais fatores contribuem para essa situação: personalidade, relação com a mãe e significado do alimento para a família merecem atenção especial. Algumas mães se desesperam diante da recusa alimentar de seus filhos e usam estratégias para forçar a alimentação. Essa prática em geral não funciona ou piora a situação. Devemos procurar entender qual o sentido dessa recusa para a relação mãe e filho. Há controle e invasão por parte da mãe? Vingança por parte do filho que não come? Quais as angústias e ansiedades que colaboram para essa situação? Há sim significado para os atos infantis, mas é preciso sensibilidade aguçada para percebê-los.

Geralmente, a mão percebe uma diminuição do consumo alimentar de seu filho ao final do primeiro e ao longo do segundo ano de vida. Esse fenômeno é conhecido como anorexia fisiológica, pois, nessa fase há uma desaceleração do crescimento da criança, além de um maior interesse dela pelo ambiente ao seu redor, o que causa o desvio de atenção do alimento. Por isso, não é recomendável distrair a criança enquanto ela está fazendo suas refeições, para que ela coma sem notar, pois essa pratica diminui ainda mais o interesse da criança pelo alimento.

Comida, não!

Refeições monótonas e pouco palatáveis, facilmente recusadas por adultos, serão também rejeitadas pelas crianças, sem que isso signifique inapetência delas. Neste sentido, as papinhas e sopas liquidificadas, que não permitem nem a mastigação, nem a percepção dos sabores individualizados dos alimentos contribuem para a recusa alimentar e reforçam a necessidade da elaboração mais cuidadosa das refeições das crianças. Mesmo diante da correria da vida moderna e das dificuldades das mães em conciliar trabalho com a nova demanda da alimentação de seu filho, cuidados com o preparo das refeições infantis devem ser observados.

Diante da queixa “meu filho não come” é importante a avaliação da adequação do peso da criança. Se as curvas de crescimento x peso revelarem normalidade, a queixa pode traduzir-se em preocupação excessiva dos familiares que, muitas vezes, desejam ver seus filhos superalimentados. Mas, se os valores das curvas de crescimento revelarem um peso abaixo do esperado, podemos estar diante de um quadro de anorexia infantil que merece ser investigado. Existem as causas orgânicas e as comportamentais, sendo as últimas mais freqüentes e difíceis de serem tratadas, pois são determinadas por erros de concepção e de condutas praticados pelos pais.

Quando uma criança passa a recusar o alimento devido a uma doença, algumas características nos chamam a atenção para causas orgânicas como o início recente ou por tempo definido, associação com outros sintomas mais característicos da doença em curso e sinais clínicos também sugestivos. Nesses casos é essencial o diagnóstico preciso, uma vez que o tratamento adequado poderá levar à cura da anorexia.

Mesmo quando a criança não come por causas psicológicas, ela pode tornar-se verdadeiramente doente devido à desnutrição e à maior vulnerabilidade a outras patologias. Nesses casos é comum a anemia por deficiência de ferro e vitaminas e a carência de proteínas, contribuindo inclusive para um retardo no crescimento. A suplementação medicamentosa, muitas vezes, se faz necessária até que a solução alimentar seja alcançada.

Para abrir o apetite…

Os estimulantes do apetite são muito mais um alívio para as mães, do que para a própria criança. Na maioria das vezes, essas drogas tranqüilizam a mãe aflita, causando com isso uma menor interferência da ansiedade dela em relação ao filho, com conseqüente melhora da aceitação do alimento pela criança. Mesmo assim, essa não é uma solução definitiva, uma vez que as causas fundamentais da falta de apetite prevalecem e voltam a dificultar a alimentação da criança.

Diante da falta de apetite de origem comportamental, o tratamento da criança tenta recuperar o prazer do ato de se alimentar e orientar a família no sentido de que o apetite voltará gradualmente. Qualquer tentativa de forçar a alimentação pode criar um mecanismo de repulsa à simples citação do alimento.

Sugestões para abrir o apetite:

Algumas orientações podem ser tomadas frente à anorexia comportamental:

1. Respeitar as preferências alimentares. No caso de recusa alimentar, substituir o alimento recusado por outro do mesmo grupo nutricional;

2.Compreender que ao final do primeiro ano de vida, o ritmo de crescimento diminui, diminuindo, portanto o apetite;

3.Não trocar atenção e carinho pela alimentação;

4. Não recorrer à chantagem para forçar a criança a comer. Não recompensar, nem ameaçar a criança;

5.Evitar artifícios para estimular a alimentação: aviãozinho, televisão, disfarçar alimentos, ficar andando ou fazendo coisas que distraiam a criança. A hora da refeição deve ser tranqüila;
6. Colocar pouca quantidade no prato e oferecer mais se a criança pedir;
7. Horário regulares para refeições e lanches, obedecendo a intervalos de 2 a 3 horas entre as refeições. Não oferecer nada nos intervalos.

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