O aconchego do lar pode ser um fator fundamental para a estabilização da saúde de quem está em recuperação. O tempero da comida, a presença constante de familiares e amigos e as demais particularidades do ambiente são fundamentais para a recuperação de pacientes devidamente autorizados pelo médico para dar continuidade ao tratamento em casa.
Um dos principais aspectos desta modalidade de assistência, a domiciliar, é monitorizar o estado nutricional e adequada ingestão alimentar do paciente acamado, seja por via alternativa de alimentação ou pela estimulação da alimentação por via oral, a fim de otimizar sua recuperação em casa e evitar uma possível piora no quadro clínico.
Às vezes até por preconceito, a comida de hospital muitas vezes parece não ter sabor, ou nem sempre agrada ao paladar do paciente. Isso pode provocar a falta de apetite. “Esse ponto é importante porque o enfermo pode diminuir sua ingestão alimentar e, como conseqüência, muitas vezes, pode prejudicar seu quadro clínico por piora do estado nutricional devido à inadequada ingestão alimentar”, alerta a nutricionista do GANEP Lar, Gabriela Morais de Souza.
De acordo com a especialista, aqueles que ficam internados por um longo período – mais de um mês, por exemplo – param de comer aos poucos. A rejeição à comida do hospital dificulta o tratamento, por vezes mantendo-o debilitado. Nestes casos, garantir a nutrição adequada pode ser uma tarefa difícil. A dor, a posição (quase sempre deitado) e a falta de opções no cardápio do hospital são dificuldades enfrentadas na hora de se alimentar. Portanto, é preciso dedicar atenção especial nessas situações.
Nutrição na internação domiciliar
Com a situação clínica estabilizada no hospital, o paciente pode ter a indicação de continuar o tratamento em casa. A terapia nutricional deve ser mantida, mas requer um trabalho maior, já que é preciso educar o responsável pela preparação da dieta cotidiana, seja ele o próprio paciente ou um responsável.
Segundo a nutricionista Gabriela Morais, o acompanhamento nutricional deve ser efetivo no tratamento em domicílio, assim como é no hospital. “Sem a atuação do profissional, há chances do paciente se alimentar de maneira inadequada, podendo haver uma tendência à perda de peso e, assim, uma piora no quadro clínico”.
Mesmo nos casos em que a utilização de sonda para a alimentação é necessária, o tratamento em domicílio pode ser feito. Equipamentos e profissionais são deslocados até a casa do paciente, que recebe os mesmos cuidados que receberia internado no hospital.
Quando as condições para a alimentação são normais – via oral – não há restrições de dieta a princípio, a não ser que o paciente tenha doenças que exijam cardápio diferenciado, como diabetes, hipertensão, dislipidemias, etc. Se há dificuldade na deglutição, a nutricionista trabalha em conjunto com uma fonoaudióloga, que indica uma adequada consistência do alimento a ser oferecido ao paciente.
Como identificar um quadro de desnutrição
Um dos métodos para avaliar se o estado nutricional do paciente está adequado, pondera Gabriela Morais, é uma avaliação clínica. Análise da ingestão alimentar, medições da gordura corporal e da massa muscular e exames bioquímicos são considerados para o diagnóstico. A partir dessa avaliação, o nutricionista pode recomendar uma dieta mais adequada às necessidades do paciente.
Da gripe ao hospital
Estar no ambiente familiar, sentar-se à mesa com os familiares, ter o carinho da família e os alimentos preferidos são detalhes que reanimam a alimentação e aumentam as chances de recuperação. Mas até mesmo em casos rotineiros, como uma gripe, um sintoma freqüente é a inapetência. Nestes casos, a nutricionista recomenda:
“Quando se está debilitado, pequenos volumes são mais aceitos. O fracionamento da dieta com a ingestão de quantidades menores, utilizar temperos naturais e alimentos mais saborosos são alternativas”.




