Muito se fala sobre a aplicação terapêutica que as células-tronco proporcionarão a mais de 40 doenças num futuro próximo. Estas células, portadoras de alta regeneração, são estudadas clinicamente para curar órgãos e formar novos tecidos, além de substituírem o transplante de medula óssea na leucemia. Em novembro, a Comissão de Biossegurança aprovou a pesquisa destas células a partir de embriões. Para obtê-las, todavia, é necessário destruir o embrião na primeira semana de existência, causa da polêmica gerada sobre a implicação ética destes estudos.
Mas o que poucos sabem, é que existem dois tipos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. Acredita-se que as células provenientes de embriões possuem maior potencial de regeneração em relação às células adultas, e por conseqüência, mais possibilidade de curar enfermidades. Isso porque elas são pluripotentes, ou seja, podem se transformar em praticamente qualquer célula do corpo humano. Essa capacidade permite que um embrião se torne um organismo completo.
E o que são células-tronco adultas? De acordo com o hematologista Dr Nelson Tatsui, que faz estudos com este material e dirige o primeiro Banco de Sangue de Cordão Umbilical do Brasil, a Criogênesis, o corpo humano possui outras células-tronco, que continuam a existir depois da fase embrionária. “Essas células se concentram em grande quantidade em 2 lugares do organismo: na medula óssea, responsável pela produção sanguínea, e no sangue do cordão umbilical de um recém nascido”, explica o médico.
Este material é multipotente, ou seja, apesar de não se transformar como o embrião, pode produzir os principais tecidos do corpo humano, como observa Nelson Tatsui. “Existem pesquisas que comprovaram a aplicação prática dessas células na criação de estruturas nervosas, como os neurônios, além da produção de ossos, cartilagens, gordura, entre outras estruturas feitas em laboratório”, conta.
Na USP, Universidade de São Paulo, uma experiência aplicou células-tronco adultas em pacientes com lesão na medula espinhal, com resultados comprovadamente positivos. Da mesma forma, uma técnica de implante destas células no cérebro de vítimas de acidente vascular cerebral está sendo feita por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Pró-Cardíaco.
Quando se pensa no tempo estipulado para que os pesquisadores manipulem estas células, é comum associar a promessa de cura a uma possibilidade distante. Mas, considerando-se a medicina como uma ciência milenar—só o diabetes foi diagnosticado há mais de 3.500 anos—o prazo de 5 ou 10 anos significa frações de segundos em termos proporcionais à evolução.
Em vista de aplicações práticas e experimentações da biotecnologia, estima-se que nos próximos anos as células-tronco sejam totalmente manipuladas. O Dr Nelson Tatsui acredita que o estudo em células adultas não perde importância diante das embrionárias, em razão dos resultados já existentes e por não esbarrar em questões éticas. “Estas pesquisas são uma garantia de reserva futura para aplicação terapêutica de doenças como Mal de Alzheimer, diabetes e artrite reumatóide”, conclui.
Células-tronco adultas também criam novos tecidos
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