Escalada militar no Caribe leva seis companhias a suspender operações e expõe deterioração da segurança regional
Seis companhias aéreas estrangeiras interromperam voos para a Venezuela após um alerta de segurança emitido pelos Estados Unidos sobre aumento da atividade militar no país e no entorno do Caribe, criando um novo ponto de tensão na já conturbada relação entre Washington e o governo de Nicolás Maduro.
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A suspensão simultânea de rotas por Iberia, TAP, Avianca, Caribbean, GOL e Latam acendeu o sinal de alerta no setor aéreo da região. A recomendação da Administração Federal de Aviação dos EUA, que orientou pilotos a reforçar protocolos de segurança ao cruzar o espaço venezuelano, menciona risco em todas as altitudes e cita um “agravamento da situação militar”. A advertência veio após os Estados Unidos deslocarem seu maior porta-aviões para o Caribe, acompanhado por escolta naval e caças, em uma operação formalmente apresentada como combate ao narcotráfico.

O governo Maduro reagiu classificando o movimento como “provocação” e acusou Washington de preparar um pretexto para avançar politicamente contra Caracas. A tensão se intensificou porque o anúncio ocorre às vésperas de o governo norte-americano divulgar a inclusão de um cartel, supostamente ligado ao círculo do presidente venezuelano, na lista de organizações terroristas. Fontes diplomáticas ouvidas por organismos regionais afirmam que a movimentação militar americana não é isolada: desde setembro, forças dos EUA destruíram embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico oriental, com saldo de dezenas de mortos e apreensões de grande porte.
No aeroporto internacional de Caracas, painéis já exibiam cancelamentos de empresas como TAP e Avianca, enquanto passageiros buscavam alternativas com as poucas rotas ainda abertas. Seguem operando voos da Copa Airlines, Air Europa, Turkish Airlines, da espanhola PlusUltra e da venezuelana Laser, que afirmam monitorar a situação, mas dizem não ter recebido instruções adicionais para suspensão.
Apesar de o governo venezuelano minimizar o impacto, especialistas em segurança aérea apontam que a retirada de seis operadores internacionais em menos de 24 horas representa um sinal preocupante sobre a percepção global de risco no país. A medida também afeta transporte de cargas e conexões estratégicas para países vizinhos, tornando a malha aérea da América do Sul mais vulnerável a instabilidades políticas.
Mapa da escalada militar no Caribe
Imagens de satélite coletadas por centros independentes de monitoramento mostram aumento de patrulhas aéreas e navais dos EUA nas últimas semanas, concentradas entre as costas da Venezuela e as rotas de tráfego para Porto Rico. A operação envolve navios de interceptação rápida, aeronaves de vigilância e apoio de bases militares instaladas em territórios do Caribe. Analistas afirmam que a presença do porta-aviões na região é incomum em ações antidrogas, sugerindo uma campanha de pressão geopolítica mais ampla.




