Os sunaholics, precisam moderar e os avessos aos raios UVs
devem dedicar um tempinho para se expor ao astro-rei
No início do século XX o sol era visto como remédio. Os tuberculosos, por exemplo, eram levados para cidades ensolaradas para recuperarem a saúde. Nos hospitais em geral, os pacientes eram obrigados a tomar banhos de sol diariamente. Conhecido como helioterapia, o tratamento foi descoberto no auge da epidemia do raquitismo por um médico polonês. Os tempos mudaram. Nas últimas décadas, os médicos e a mídia passaram a advertir à população sobre os malefícios do sol. No entanto, para alguns, a exposição aos raios solares é quase que vital. Estudos indicam que essa excessiva necessidade de exposição ao sol pode ter origem biológica. Um desses estudos, publicado na revista científica Archives of Dermatology, defende a tese de que o bronzeamento pode viciar da mesma forma que as drogas ou o álcool e podem levar à dependência.
É só perceberem que ele está surgindo, que logo dão um jeito de se bronzear. Nem mesmo o solzinho do Inverno, Outono ou Primavera ficam de lado. O importante é “fritar”. Ana Carolina Colombi, 27 anos, bacharel em Direito, é uma dessas pessoas que vivem bronzeadas. “Sinto-me bem mais disposta e muito mais bonita”, alega. Até dois anos atrás, ela não usava nenhuma proteção. Nem chapéu, nem óculos escuros ou guarda-sol. O filtro solar nunca aparecia no seu figurino de bronzeado seguro. Para quê se a intenção era tostar? Com as informações sobre o câncer de pele, ela começou a sentir medo e comprou logo dois protetores. Um fator 15, outro 30.
Para a dermatologista Mônica Felici, da Clínica Splendore Medicina Estética e Laser, em Campinas, SP, essa é uma atitude comum – comprar filtro solar sem passar por uma consulta com o dermatologista. Ela reprova esta ação, alertando que nem sempre a pessoa compra o fator ideal para seu tipo de pele. Além disso, apenas o filtro não é suficiente para proteger a pele. “É preciso tomar outros tipos de cuidados”, afirma. Tudo porque o filtro tem seu limite. “Existe o filtro e o bloqueador, que cria um efeito de barreira. Hoje em dia, existem combinações que unem os dois tipos. São ideais para proteção”, completa. “Atualmente a camada de ozônio não é a mesma de 20 anos atrás”, explica ela. “A camada de ozônio funciona como um filtro contra os raios solares ultravioletas (UV) e hoje não nos protege mais como antes”, explica.
No Brasil, onde o grau de insolação é alto, o câncer de pele é o mais comum dos tumores malignos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ele corresponde a 25% de todos os tumores registrados no país. Somente no Estado de São Paulo existe uma taxa estimada de 4,85 casos para cada 100 mil homens. Porém, se detectado precocemente ele apresenta altos percentuais de cura.
Além do câncer, o sol em excesso eleva o risco de uma série de outros problemas de saúde, como inflamações, infecções, manchas, pequenas veias dilatadas, flacidez, ressecamento e envelhecimento precoce. “Costumo dizer que a pele fica igual a um maracujá, pois é o melhor exemplo que encontro para comparar a pele de alguém que tomou sol a vida toda”, diz Mônica Felici.
O risco desses males aumenta de acordo com a freqüência, o tempo e o local escolhido para o banho de sol. Nunca é cedo ou tarde demais para iniciar uma proteção solar adequada, mas uma pessoa que já tem mais idade não poderá sonhar com uma pele branca e lisinha. Para ajudar existem vários produtos e procedimentos médicos capazes de reverter algumas das alterações que ocorrem no foto envelhecimento.
Mônica Felici recomenda, dependendo do tipo de pele da pessoa, tratamentos altamente eficazes como o peeling químico com ácido retinóico para retirar manchas e renovar as células, e o laser para clarear os vasos, entre outros tratamentos que auxiliam na recuperação da pele. Para prevenir, ela tem uma lista de acessórios modernos que protegem a pele dos raios do dia-a-dia. Todos eles confeccionados com fio à base de dióxido de titânio, especialmente desenvolvido para proteção do sol. Eles bloqueiam 98% dos raios UVA (que danificam a pele sem causar queimadura e provocam o envelhecimento precoce da pele) e UVB (que causam queimaduras à pele) durante toda a vida útil do produto. “Nas minhas viagens de carro, por exemplo, não abro mão das minhas luvas confeccionadas com fio à base de dióxido de titânio”, ensina a médica.
A médica, no entanto, reconhece o poder dos raios solares. “Jamais se expor ao sol como algumas fazem em nome da “pele de porcelana” também pode acarretar problemas de saúde. Nos países de clima frio, por exemplo, a pele produz vitamina D em quantidade insuficiente, sendo necessária suplementação alimentar”, explica.
Algumas radiações solares são importantes para o organismo uma vez que são estimuladores de vitamina D, que é responsável por aumentar a absorção de cálcio pelos ossos para combater o raquitismo na infância e a osteoporose na velhice; ajuda a fortalecer o sistema imunológico diminuindo o risco de infecções; está associada à redução no risco de diabetes tipo 2; tem ação antidepressiva por estar relacionada a um aumento na liberação de substâncias cerebrais associadas à sensação de bem-estar e euforia, como as endorfinas, entre outras propriedades.
De acordo com Mônica Felici, os bons horários para tomar sol são das 7h às 9h e das 16h em diante. Das 12h às 15h não é recomendável. “Apenas cinco ou 10 minutos por dia são suficientes”, diz a especialista.




