Consumidor demonstra menor interesse em adquirir bens duráveis segundo a Pesquisa Expectativa de Consumo/PROVAR no último trimestre do ano. Talvez esse seja o Natal mais magro dos últimos tempos, só comparável ao de 2003. Naquele período a pesquisa apontou que 55,4% dos pesquisados não tinham intenção de adquirir bens duráveis, em 2005 o número chega a 52,6%. “Sem dúvida esse é um período em que o consumo será um tanto quanto comprometido por conta do baixo poder aquisitivo, altas taxas de juros, altos índices de desemprego e desconfiança quanto à instabilidade política, mesmo tratando-se de uma época com forte sazonalidade”, explica Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do Programa de Administração de Varejo -PROVAR.
Foram ouvidos pela Canal Varejo, consultoria especializada no segmento, 500 consumidores, divididos por cinco regiões da metrópole paulista. Os dados foram recolhidos de 1 a 15 de setembro e focados nos 10 bens duráveis analisados pela Pesquisa. Os três maiores percentuais de intenção de compra são: 9% para Telefonia; 8,6% para Linha Branca; e 7,2% para Móveis e Informática (empate). Dois outros índices próximos foram 6,6% e 6,4% para Eletroeletrônicos e Cama, Mesa e Banho, respectivamente. Material de Construção tem 5,2% das intenções de compra e os menores índices estão com Foto e Ótica, 2,6% e Automóveis e Autopeças também empatados com 1,6%.
Quem vai comprar, vai gastar quanto e pagar como?
Caso a intenção de compra se concretize, na Linha Branca, por exemplo, a faixa de gasto média será de R$ 1.331,00, sendo que 90% dos entrevistados parcelariam a compra via carnê. Em Telefonia e Celular, Móveis e Informática a relação de compra e pagamento via carnê é de R$ 472,27 – 44,4%; R$ 1.315,00 – 72% e R$ 1.813,61 – 55,6%. Dois segmentos apontam o uso do cartão de crédito para parcelamento das compras. Quem adquirir produtos de Foto e Ótica pretende gastar em média, R$ 402,30, sendo que 38,5% pagará com cartão; o mesmo acontece com Autopeças, com uma média de gasto de R$ 837,50 e uso do cartão de crédito por 50% dos entrevistados. O índice mais alto de gasto é no item Material de Construção com a média de R$ 2.065,00 e 75,8% pagando a dívida adquirida com parcelamento. Com Automóveis, o gasto médio será de R$ 24.142,85 e o bem adquirido será de segunda mão (87%).
A pesquisa também aponta quanto da renda é direcionada para o orçamento doméstico. A composição do trimestre é a seguinte: cerca de 26,3% da renda dos entrevistados é gasta com Alimentação; 23,3% com Habitação; 11,8% com Vestuário; 12,6% com Transporte; 11,7% com Saúde e Higiene; 11% com Educação e Lazer e, 9,4% Outros. Esse último é o indicador de quanto por cento do salário será revertido para compra de bens duráveis. Ou seja, menos de 10% do salário dos pesquisados. “Para adquirir patrimônio o consumidor tem que, obrigatoriamente, apelar para o crediário, pois estamos falando de faixas salariais até R$ 2.080,00, que corresponde a 73,2% dos pesquisados; de R$ 2.081,00 a R$ 5.980,00, 24,9% e acima de R$ 5.980,00, 1,8% da amostra. Sobra para esse consumidor, 9,4% do seu salário para aquisição de bens duráveis”, analisa Luiz Paulo Lopes Fávero, coordenador da consultoria Canal Varejo.