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sábado, setembro 21, 2024

Lavagem das Escadarias se torna Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas

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Entre as manifestações afro-brasileiras em Campinas, a Lavagem das Escadarias é a que congrega mais representantes dos movimentos culturais negros, como a capoeira, os tambores, o jongo e o samba de bumbo, e das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.

 

 

A Lavagem das Escadarias da Catedral agora é Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas. O registro da tradicional cerimônia ocorreu na manhã desta quinta-feira, 24 de novembro, após assinatura do prefeito Dário Saadi. Ele foi o ‘prefeito de honra’ que conduziu a reunião de apreciação do pedido de registro da cerimônia pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Os conselheiros aprovaram por unanimidade o pedido de registro que considerou para este reconhecimento: a história, a ancestralidade e o fato desta celebração, que ocorre há 37 anos em Campinas, conservar a tradição de ritos afro-brasileiros.

A cerimônia da Lavagem das Escadarias simboliza a reparação e superação das injustiças derivadas do racismo. “Deixa a história para a gente aprender com ela e seus erros. E vamos, a partir de hoje, reconhecer e valorizar toda a comunidade negra. A lavagem é fundamental, não só pelo reconhecimento de uma questão cultural, mas a afirmação de uma cultura que muitas vezes foi perseguida, esquecida e que a gente tem que valorizar”, disse o prefeito. E acrescentou: “Agora, é hora de transformar a cidade, que tem um passado que nos entristece muito mas tem que ter um presente e um futuro de reparação, de reconhecimento. E é isso que estamos tentando fazer”.

Dário Saadi também destacou o Mês da Consciência Negra, em que participou dos eventos promovidos pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e demais secretarias da Prefeitura. O prefeito também lembrou que, durante a pandemia de covid-19, em 2021 e 2022, a cerimônia foi virtual mas não deixou de ser realizada. A lavagem das escadarias ocorre anualmente no Sábado de Aleluia. Ela deve voltar a ser presencial em 2023.

O prefeito agradeceu aos membros do Condepacc e a todos os envolvidos pelo processo do pedido até o seu registro. Por parte da Secretaria da Cultura, cirou o empenho de Marcela Bonetti, especialista cultural responsável pelo patrimônio imaterial, e também de Fabiana Ribeiro, a conselheira relatora do processo e também conselheira do Condepacc pela representação do Conselho de Políticas Culturais.

A secretária municipal de Cultura e Turismo, Alexandra Caprioli, destacou que o papel do Condepacc é o da preservação. “A gente eterniza por meio deste registro tão significativo, temos a certeza de que vamos ter esta cerimônia para a posterioridade fazendo a reparação e o reconhecimento como bem cultural.”

Por parte da Secretaria de Cultura e Turismo, também participaram da cerimônia os diretores de Cultura, Gabriel Rapassi, e de Turismo, Eros Vizel.

 

Desejo da comunidade

O reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial é um desejo da comunidade. Mãe Dango e Mãe Corajacy são idealizadoras e detentoras desta manifestação cultural.

Emocionada, Mãe Dango disse que participar deste momento é legitimar um processo de luta. “Estar em frente a este Conselho tem um simbolismo muito grande. É uma legitimidade da luta, do protesto que se torna um bem imaterial”, afirmou. Mãe Dango, hoje com 70 anos, começou a lavagem aos 33 anos junto a Mãe Corajacy. “Quero agradecer este dia tão maravilhoso. Que Oxalá abençoe a todos.”

Entre as manifestações afro-brasileiras em Campinas, a Lavagem das Escadarias é a que congrega mais representantes dos movimentos culturais negros, como a capoeira, os tambores, o jongo e o samba de bumbo, e das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.

Também homenageia a padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, trazendo o espírito sincrético da cerimônia. O pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Catedral Metropolitana de Campinas, Caio Augusto de Andrade, participou da cerimônia e também, entre os convidados, estava Edna Lourenço, da Associação dos Religiosos de Matrizes Africanas da Região de Campinas, que agradeceu ao Condepacc “que entendeu que essa celebração é de total importância para o País”.

As vereadoras Guida Calixto e Paola Miguel participaram da cerimônia representando a Câmara Municipal.

Desde 2013, Campinas passou a reconhecer os bens culturais relacionados às práticas culturais imateriais por meio da Lei Municipal nº 14.701, regulamentada pela resolução 131/2014.

 

 

 

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