A construção do novo Posto da Polícia Militar em Sousas deve demorar para ficar pronto. Desde a última reunião da Comissão Especial de Estudos da Câmara sobre a instalação da base fixa da PM, no dia 25 de novembro, nada mais foi feito.
Na data ficou decidido que Setec e Emdec entregariam seus pareceres para que o presidente da comissão, vereador Luiz Henrique Cirilo (PPS), convocasse uma reunião com o secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Campinas, Carlos Henrique Pinto.
Na ocasião, os representantes da Setec e Emdec disseram que no prazo de 10 dias as análises estariam prontas. Tais documentos ainda não foram entregues à comissão da Câmara. Sem a aprovação de tais e da secretaria de Assuntos Jurídicos, o tema não pode ir à votação na Câmara, que entra em recesso no dia 17, e a verba para a construção do posto policial fica comprometida para 2011.
Segundo o presidente do conselho de segurança (Conseg) de Sousas, Thomaz Alcantara Cavallaro, os relatórios estão na fase final. Ele também assegura que a verba de R$120.000 prometida pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB) virá, mesmo sem um acordo por escrito.
A novela do Posto Policial
No dia 14 de outubro, a base da PM que funcionava na Rua Humaitá há cerca de 40 anos foi desativada sem aviso prévio. Segundo a PM, o prédio não oferecia as condições de trabalho necessárias a seus homens, além de estar em uma via mal localizada. Desde então, o policiamento no distrito passou a ser feito por duas viaturas e uma base móvel.
Moradores, comando da PM, vereadores e demais autoridades regionais vêm se reunindo com frequência em busca de soluções. Em meados de novembro, a Câmara Municipal de Campinas criou uma Comissão Especial de Estudos sobre a instalação da base fixa da PM em Sousas. O vereador Luiz Henrique Cirilo (PPS) tornou-se presidente, Sebá Torres (PSB) relator e Artur Orsi (PSDB) membro.
Após a apresentação de dois pontos, a PM escolheu a praça de 500 m², em frente ao cartório, como a melhor localização para implantar o novo posto policial. A planta da base já está pronta e a obra sairia em torno de R$ 120.000. A verba seria liberada pelo governo estadual diretamente à Polícia Militar.
E aqueles que perdem?
O comerciante Gabriel Siqueira é uma das pessoas que mais perderá com a possível construção do posto policial na praça escolhida pela PM. Ele é proprietário do Quiosque Dona Arte e ficou sabendo pela imprensa da possível desapropriação do seu estabelecimento: “Acho que não vai ser necessário eu sair de lá, acho que a construção vai ficar no local onde ficam os carros parados”.
Ele ainda afirmou que nem Polícia Militar, nem vereadores, nem prefeitura, nem Conseg entrou em contato com ele. “Ainda não tive tempo para ver isso direito, mas semana que vem eu vou à subprefeitura ver direitinho a situação”.
A segurança em Sousas
O Major Marci afirmou que a desativação do posto policial da Rua Humaitá foi uma coisa negativa, mas que está servindo para ações positivas. Segundo ele há mais viaturas rondando Sousas e Joaquim Egídio atualmente do que quando existia a base fixa. O Major também afirmou que há uma diminuição da violência e que as pessoas estão se sentindo mais seguras no distrito.
A ideia da PM, segundo o Major, é trazer uma Companhia para Sousas e Joaquim Egídio. Segundo ele, serão três etapas: construção da base, implantação do policiamento comunitário e a chegada da Companhia.
Os moradores se dividem quanto à sensação de segurança. Uma funcionária municipal da Saúde disse não se sentir segura: “Sousas cresceu muito, com isso aumenta a violência. Apareceu muito condomínio, pessoas de outros municípios, estados”. Em compensação, o pedreiro João Antonio do Nascimento reconhece que o distrito já foi melhor, mas que comparado às outras regiões ainda se sente seguro aqui. O técnico de enfermagem Marcos André de Camargo também se sente seguro: “Eu, graças a Deus, nunca tive problemas. Trabalho a noite e nunca tive nenhum problema”.
Para comerciante Almeida Côrrea a melhor maneira de se combater a violência é investir em cultura, educação, esporte e lazer, que, segundo Côrrea, estão abandonados há décadas no distrito: “Tem que investir nas associações de bairros da periferia. Investir numa escola decente, numa creche pública, num hospital 24 horas, que o distrito não tem”. Ele ainda ressalta que é contra a construção do novo posto policial em frente ao seu estabelecimento. “Não adianta você ter um monte de leão bonito, sarado, cuidando de um monte de passarinho doente. Eles estão se esquecendo do principal, atacar a violência através da precaução”.