Nem bem a eleição presidencial terminou, partidos e autoridades políticas campineiras contabilizam os dividendos eleitorais visando à eleição para prefeito em 2012. Lideranças do PSDB avaliam que a derrota de Dilma Roussef e Aloizio Mercadante na cidade, aponta uma nova tendência do eleitorado campineiro na sucessão ao Palácio dos Jequitibás.
Para petistas, os números eleitorais demonstram a necessidade de organizar o partido a partir de agora, com vistas à sucessão municipal. Já o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) preferiu o silêncio, embora haja especulações de que ele deixará seu partido para se filiar ao PMDB, objetivando as eleições em 2014 para governador.
Tucanos
O vereador e presidente do PSDB campineiro, Artur Orsi, vê seu partido como protagonista nas próximas eleições municipais. Os motivos deste otimismo seriam a eleição, ainda no primeiro turno, do governador Geraldo Alckmin, a vitória de Serra em Campinas no segundo turno e o prefeito Hélio de Oliveira Santos não ter emplacado nenhum dos candidatos que apoiou para a assembléia estadual e a Câmara Federal.
Orsi destaca que o partido ganhou em cinco das sete zonas eleitorais de Campinas. Segundo ele, o atual prefeito de Campinas não conseguiu transferir votos porque vai mal nas pesquisas de aprovação popular. “Lula teve 83% de aprovação e conseguiu fazer a sucessão”, exemplificou. “A Dilma e o Mercadante perderam em Campinas”, ratificou. Ele não quis adiantar quem seria o potencial candidato do PSDB em 2012.
Embora a assessoria de imprensa de Hélio informasse no início deste mês que o prefeito não se manifestaria sobre os resultados das eleições e seus possíveis desdobramentos, as especulações em torno de seu destino político aumentaram após a eleição de Dilma Roussef.
Algumas pessoas ligadas ao primeiro escalão da administração municipal, dão como certa a ida de Hélio para o PMDB. O motivo seria o descontentamento do prefeito com algumas lideranças políticas dentro do PDT, entre elas, o sindicalista Paulinho da Força Sindical, que também sonha com o Palácio dos Bandeirantes.
Estas especulações já contariam com apoio de Hélio ao vereador Sebastião Santos (PMDB) à presidência do legislativo campineiro (veja matéria sobre sucessão na Câmara).
O presidente do Diretório do PT, Ari Fernandes, disse que esperava o resultado desfavorável para os candidatos majoritários de seu partido. “Nós não esperávamos ganhar em Campinas”, declarou, referindo-se a derrota de Dilma e Mercadante. Entretanto, o petista destaca que o partido teve mais voto para presidente nesta eleição em Campinas, em comparação a eleição de Lula.
Presidência da Câmara de Campinas está entre PMDB e PDT
Mesmo após a ressaca eleitoral do 2º turno presidencial, os 33 vereadores campineiros não abaixaram a guarda no sentido de buscar mais espaço político no cenário campineiro. O motivo é a eleição do próximo presidente da Câmara Municipal de Campinas, que assumirá o cargo em 1º de janeiro de 2011 e ficará até o final de 2012, quando termina o mandato desta legislatura. Como acontece a cada biênio, a presidência é sucedida por outro vereador, segundo determina o Regimento Interno do legislativo.
Embora nenhum vereador goste de comentar em público sobre os grupos que estão se articulando, nos bastidores alguns vereadores já despontam como potenciais candidatos à Câmara. Estão entre os prováveis candidatos à presidência Francisco Sellin (PDT), Sebastião Santos (PMDB), Pedro Serafim (PDT), Dário Saadi (DEM), Tadeu Marcos (PTB) e Carlos Henrique (PDT). A escolha é considerada estratégica, pois é o prenúncio das candidaturas a prefeito em 2012.
PMDB quer espaço
Setores do PMDB campineiro dão como certa a filiação de Hélio de Oliveira Santos (PDT) a legenda. Embora Hélio e sua assessoria não quisessem comentar esta questão até o fechamento desta edição, peemedebistas confirmaram o acordo. Segundo esta tese, o atual prefeito apoiaria Sebastião dos Santos (PMDB) à presidência e, em troca, Hélio daria os primeiros passos para alcançar a candidatura ao governo estadual em 2014. No meio deste caminho, em 2012, o PMDB formaria uma chapa com o PT para disputar a prefeitura.
Pelo acordo ainda, o PMDB daria ao atual prefeito a visibilidade estadual. “Já há articulação de minha parte para pleitear a presidência da Câmara”, declarou Sebastião Santos (PMDB). Santos não confirmou e nem negou a possível ida de Hélio para o PMDB. “Articulação nesta época é algo normal, mas é muito cedo para comentar”.
PDT retruca
“Não tenho conhecimento da preferência do prefeito”, retrucou Pedro Serafim (PDT). Na quarta legislatura, Serafim não nega ser candidato, mas acredita no consenso para eleição a presidência da casa. “Não adianta colocar o carro na frente dos bois”, comentou o vereador pedetista, ao ser indagado sobre as possíveis articulações de Hélio com o PMDB. “Até onde eu sei, doutor Hélio é fiel ao PDT”.
Para o vereador Tadeu Marcos (PTB), a indicação a presidência da Câmara por parte de prefeitos nunca foi bem vista pelo legislativo. “Os poderes são independentes”, ensina. Ele lembrou que em 93, o então prefeito Magalhães Teixeira conviveu com a presidência oposicionista de Marco Abi Chedid na Câmara; assim como o prefeito Chico Amaral em 96, que conviveu com Romeu Santini na Câmara; Toninho em 2000, quando Tadeu Marcos ocupava a presidência. “O próprio Hélio enfrentou o vereador oposicionista Carlos Signorelli (PT) em 2004”, destacou, ao comentar que a decisão de quem deve ocupar a presidência do legislativo deva ficar restrita aos vereadores.
