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sexta-feira, setembro 20, 2024

O chefe da força tarefa, Deltan Dallagnol, protegeu grandes bancos, diz o site Intercept Brasil

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Reportagem do El País mostra que força-tarefa de Curitiba preferiu fazer acordos a investigar acusações contra as instituições financeiras

Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba, coordenados por Deltan Dallagnol, suspeitaram de crimes graves cometidos pelo sistema financeiro, mas, ao invés de investigar, fizeram acordos com os bancos. É isso que mostra o El Pais, em mais uma reportagem feita em parceira com o site The Intercept Brasil.

Sistema financeiro

De acordo com o El País, os procuradores suspeitaram de crimes graves cometidos pelo setor bancário, desde o eventual silêncio sobre movimentações ilícitas até o uso de informações privilegiadas do Banco Central que renderiam lucros aos bancos, supostamente em troca de quantias seriam doadas para campanhas políticas de governos petistas. Pelo menos é isso que afirmou o ex-ministro Antonio Palocci, em 2017, sem apresentar nenhuma prova.

Primeiro, os procuradores ignoraram o que Palocci disse, inclusive, sobre o banco Safra que aparece 71 vezes ao longo das 87 páginas de proposta de delação premiada do ex-ministro entregue à força-tarefa e obtida pelo EL PAÍS. O banco Bradesco, outras 32.

Ainda segundo o El País, antes mesmo das negociações com Palocci, os procuradores já haviam levantado a tese de que os bancos lucraram com a corrupção, mas preferiram o silêncio ao escrutínio de movimentações suspeitas, como mostra um dos diálogos vazados:

“O Banco, na verdade os bancos, faturaram muuuuuuito com as movimentações bilionárias dele”. A frase é do procurador Roberson Pozzobon, da força-tarefa de Curitiba da Operação Lava Jato, escrita numa troca de mensagens com seus colegas em 16 de outubro do ano passado.

Pozzobon se refere às movimentações financeiras do empresário e lobista Adir Assad, condenado por lavagem de dinheiro, acusado de envolvimento em diversos escândalos de corrupção, incluindo o da Petrobras.

Em conversas pelo Telegram os procuradores debatiam o caso de Assad. Eles sabiam que o doleiro havia aberto uma conta no Bradesco nas Bahamas para lavar dinheiro “a rodo”. E que, em 2011, o Compliance Officer, setor responsável por fazer o banco cumprir normas legais, teria alertado o Bradesco de que havia algo errado com essa conta. “E o que o Bradesco fez?”, perguntou Pozzobon. “Nada”, ele mesmo responde.

Dias antes da prisão de Marcelo Odebrecht, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, enviou uma mensagem ao então procurador Carlos Fernando Lima perguntando quais eram as “violações de grandes bancos” mais evidentes que eles tinham.

Dallagnol pede que Lima mencione as duas “mais fortes”.

“Fazer uma ação contra um banco pedindo pra devolver o valor envolvido na lavagem, ou, melhor ainda, fazer um acordo monetário, é algo que repercutiria muito, mas muito, bem” para a força-tarefa, dizia ele.

Em 21 de outubro de 2016, Dallagnol envia uma mensagem sugerindo a instalação de um Inquérito Civil Público (ICP) para apurar as falhas de compliance dos bancos.

 A ideia, segundo ele, era “pintar tempestade na portaria”, ou seja, solicitar informações sobre investigações internas e assim pressionar o setor a sentar à mesa de negociação com a força-tarefa.

Mas foi só em maio de 2019 que a Lava Jato chegou de fato à primeira instituição bancária. No dia 8 daquele mês, foram presos três executivos do Banco Paulista, acusados de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta para beneficiar a Odebrecht. Três meses antes, o procurador Roberson Pozzobon comemorava a autorização judicial para essa operação.

“Chutaremos a porta de um banco menor, com fraudes escancaradas, enquanto estamos com rodada de negociações em curso com bancos maiores. A mensagem será passada!

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