
No final do mês de dezembro, moradores de Sousas foram surpreendidos com a notícia de que o Distrito ganharia uma nova ponte na Rua Maneco Rosa, próximo a subprefeitura.
A proposta é antiga e, desde 2014, audiências públicas foram marcadas para discutir o assunto, mas o projeto fracassou, pela falta de participação popular, que não foi informada adequadamente, na ocasião.
A indicação da construção de uma nova ponte é do vereador Marcos Bernardelli (PSDB). De acordo com sua assessoria, os detalhamentos do projeto são de autoria do Executivo, mas garante que os direitos dos cidadãos serão respeitados.
O local sugerido pelo vereador já existia uma ponte de madeira, derrubada pelas tropas revolucionárias de 32 para impedir a travessia de Campinas à Sousas. Com a inauguração da Ponte Adhemar de Barros Filho, em 1949 a antiga ponte foi completamente desativada.

Em nota, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas – Emdec diz que é intenção da Administração municipal construir uma nova ponte no Distrito de Sousas.
De acordo com o projeto, a nova ponte ligará a Rua XV de Novembro até a Rua Maneco Rosa, nas proximidades da Subprefeitura. A ponte passará sobre o Rio Atibaia; e irá formar binário com a ponte atual (uma vai para o Distrito e outra sai do Distrito). A ponte atual, que hoje tem duplo sentido, ficará com sentido único para o Distrito. E a nova ponte, também com sentido único, ligará o Distrito a Campinas.
A nova estrutura terá 50 metros de extensão; e largura em torno de 15 metros. Serão feitas obras geométricas (engenharia de trânsito/ obras de infraestrutura) nas duas embocaduras da ponte. Tanto pela XV de Novembro, como também pela Maneco Rosa.
Mudança no viário
De acordo com a proposta, a atual ponte que dá acesso aos distritos ficaria com sentido único da altura do Banco Itaú até a Praça Beira Rio. Com isso, os motoristas que vêm de Joaquim Egídio, e condomínios Jardim Botânico, Ermitage, teriam o trânsito desviado para a Rua Maneco Rosa, seguindo até a altura da Subprefeitura, onde interligaria com o trânsito dos carros vindos dos bairros do Nova Sousas e Sorirama.

Atualmente, o volume veicular médio da atual ponte, que opera em mão dupla, é de 6 mil veículos/dia, representando um gargalo no trânsito para o Distrito. Na proposta da nova ponte, o trânsito seguiria para a Rua XV de Novembro, passando dentro do Beco do Mokarzel, causando outro problema, pois naquele trecho não há uma boa visualização dos veículos, que trafegam no sentido San Conrado e Parque Jatibaia, havendo a necessidade de instalação de mais um semáforo.
Alguns moradores do Beco Mokarzel afirmam que a mudança no trânsito pode ser uma manobra para futuramente fazer a desapropriação e retirada das famílias na região.
Desconhecimento do projeto
O subprefeito, Mauro Calvo disse em entrevista que ainda não foi informado pela Prefeitura de Campinas sobre a obra.
Já o gerente de Planejamento da EMDEC, disse que há o projeto oficial no órgão, como também não há nenhum estudo sobre os impactos desta mudança no viário dos distritos.
O projeto também não passou pelo Conselho Gestor da APA (CONGEAPA), Secretaria do Verde e Desenvolvimento Sustentável, para emitir o licenciamento de impacto de vizinhança, como também não passou pela Secretaria de Infra-Estrutura e Serviços Públicos.
Impactos
Uma moradora, que pediu para não ser identificada, afirma categoricamente que primeiramente deveria observar o projeto sob o aspecto da segurança, que é de sua competência, pois o que garante hoje a tranquilidade dos moradores é o único acesso pela ponte Adhemar de Barros Filho.
“O que esperamos são ações efetivas nas questões de segurança, e não em encabeçar projetos estapafúrdios”, finaliza a moradora.
Conseg e a segurança
O Conselho de Segurança (Conseg) através de sua diretoria protocolou um oficio junto a EMDEC e a Secretaria de Urbanismo convidando os secretários Carlos Barreiro e Carlos Augusto Santoro, para apresentação do projeto à população.
De acordo com o presidente do Conseg de Sousas e Joaquim Egídio, Sebá Torres, a diretoria do Conseg vai apresentar em reunião mensal, que acontece no dia 6 de fevereiro, uma nova proposta de local para a construção.
Sebá disse que com a duplicação recente da Avenida Júlia Conceição Alves, é possível a construção da ponte, que interligaria com a Rua Dona Maria Franco Salgado. “São áreas públicas e não haverá necessidade de desapropriação de casas na região”, explica.
Agora cabe ao Conselho de Segurança cobrar dos órgãos públicos cobrar ações, enquanto não se resolve sobre o local da construção da nova ponte de acesso.