Dentre os crimes cometidos ultimamente, os mais graves são os crimes praticados por indivíduos que, para roubar uma pequena soma em dinheiro, não hesitam em tirar a vida de seu semelhante. Para eles, isso é mais simples do que matar um cão. Quando analiso esse tipo de pessoa, fico pasmado com sua estupidez, inconcebível por meio do senso comum. Que situação tenebrosa! Tais indivíduos não pensam no sofrimento da vítima e de seus familiares. Além disso, não passa pela cabeça que, no caso de serem presos, a pena de morte seria fatal, ou que, na melhor das hipóteses, não escapariam à prisão perpétua. Seja como for, com uma vida pela frente, eles não poderiam mais integrar a sociedade e estariam jogando fora a sua própria existência. Esse é o pensamento que deveria ocorrer-lhes, mas parece que tal não acontece, o que revela um estado psicológico realmente de se estranhar. Os atos dessas criaturas estão à mercê dos seus instintos e não passam de satisfações momentâneas; seu objetivo é divertir-se por curto espaço de tempo. Uma vez que terão de pagar bem alto – um prejuízo talvez dezenas ou centenas de vezes maior do que o lucro obtido – não podemos considerá-las como seres humanos. São exatamente como os quadrúpedes.
Com base no que acabamos de dizer, talvez se pense que não há explicação para os crimes, mas na realidade eles são perfeitamente explicáveis. Do ponto de vista espiritual, podemos compreendê-los muito bem. Segundo os Ensinamentos de nossa Igreja, o homem possui três espíritos; o Espírito Primordial, atribuído por Deus; o Espírito Guardião, escolhido entre os ancestrais, e o Espírito Secundário, responsável especialmente pelos desejos físicos e seculares do homem. Naturalmente, o espírito primordial é a fonte dos bons sentimentos, e o espírito guardião incentiva a pessoa para o bem. Quando o espírito secundário predomina, quem está dominando é o quadrúpede. Por isso, embora tenha aparência humana, a pessoa torna-se semelhante a um animal. Nestas circunstâncias, não se justifica o sentimento de pena ou compaixão; ela demonstra caráter perverso do princípio ao fim.
Esta é a causa básica dos crimes sem escrúpulos. Por isso é muito perigoso, o homem deixar que sua alma seja dominada pelos animais, pois basta qualquer estímulo para lhe surgirem desejos maléficos e ele se tornar um criminoso. Mas o que se deve fazer? Não há outro meio para solucionar o problema a não ser a força da religião. É por que deve ser através da religião? Como eu disse anteriormente, o homem é dominado pelo espírito animal, isto é, pelo espírito secundário. Portanto é preciso enfraquecer a força de domínio desse último. Em termos mais claros, aumentar a força do bem numa proporção muito maior que a do mal, fazendo com que o espírito secundário se torne o dominado. Afirmo que não existe método mais eficaz.
Antes de mais nada, é necessário ingressar na fé, voltar-se para Deus, adorá-lo e orar. Uma vez que a pessoa esteja ligada a Deus pelo elo espiritual, através deste a Luz Divina será derramada em sua alma; à medida que a alma for sendo iluminada, o espírito secundário se retirará e a força que ele tem para utilizar a pessoa a seu bel-prazer irá enfraquecendo. No íntimo de todo ser humano, há uma luta constante entre o bem e o mal. Isso acontece em virtude do princípio exposto acima. Assim, por mais minuciosa que se tornem as leis e por mais que se fortaleça o sistema de policiamento, será o mesmo que combater o crime com uma força estranha. Sem dúvida é melhor do que nada, mas, enquanto se for ao âmago do problema, os resultados serão insignificantes, apresentando-se situações sociais nefastas, como acontece hoje em dia.
É incomprensível que nem o governo nem os educadores percebam algo tão óbvio. Eles se limitam a suspirar, dizendo que atualmente, há muitos crimes inescrupulosos e que a delinqüência juvenil aumenta dia a dia. Não conseguem libertar-se de idéias anacrônicas, que cheiram a mofo, e só a muito custo determinam o restabelecimento deste ou daquele princípio ético ou moral; a reforma de métodos educacionais, etc. Achamos isso muito triste. Pode parecer ironia, mas é o mesmo que colocar água numa peneira e, no
Como acabar com os crimes
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