Trabalho da Anfarmag pretende reforçar diretrizes para prescrição segura de anoréxicos conforme a OMS
A Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) começa nesta semana a distribuição do guia Farmacoterapia da Obesidade. O propósito deste documento sobre o consumo de anorexígenos é o de apresentar um consenso em relação à obesidade e sua farmacoterapia. Pretende ainda reforçar as diretrizes para uma prescrição segura dessas substâncias e o atendimento das demandas pelo segmento magistral, conforme preconização do Consenso Latino Americano de Obesidade e sugestões da Organização Mundial de Saúde (OMS). O trabalho é resultado de intenso trabalho da equipe técnica da entidade e do apoio de profissionais do setor e professores das mais relevantes escolas de farmácia do país. O guia destina-se aos médicos prescritores de fórmulas e a todos os farmacêuticos que têm a responsabilidade de atender os pacientes que recorrem aos serviços dos quase cinco mil pontos de venda de medicamentos magistrais no país. Exemplares impressos serão enviados à Anvisa e às principais entidades de saúde e médicas do país.
“Temos a convicção de que a medida contribui para a solução do problema apontado no Relatório da Junta Internacional e Fiscalização de Entorpecentes das Nações Unidas (JIFE) que apontou o Brasil como detentor da maior relação de consumo de anfetaminas controladoras do apetite, por grupo de mil habitantes”, diz o presidente da Anfarmag, Hugo Guedes de Souza. Este fato estimulou a Anfarmag produzir o documento.
“Queremos mostrar claramente que a Anfarmag repudia as distorções de formulações contendo anorexígenos e chamar a atenção para a extensão real do problema”. “Afinal, quando da divulgação do JIFE, – prossegue Hugo Guedes – usaram-se como exemplo as vendas de anfetaminas em farmácias magistrais de duas cidades do país. Locais onde o aviamento de fórmulas é restrito exclusivamente à apresentação da prescrição médica e, muito importante, onde a presença do farmacêutico em todas as farmácias magistrais torna possível o exercício de fármaco-vigilância para coibir eventuais abusos”.
A divulgação do JIFE no Brasil mostrou dados de quem cumpre a lei. As farmácias magistrais informam periodicamente, através de relatórios, as autoridades sanitárias e as devidas instâncias do Ministério da Saúde sobre todas as operações, desde a compra dos insumos até a manipulação e venda para o cliente. “De fato, o problema existe e é mais grave em pontos de vendas dos remédios produzidos em laboratórios. Recentes matérias na imprensa mostraram como quadrilhas agem na compra e venda clandestina de medicamentos controlados produzidos pela indústria farmacêutica e vendidas em farmácias e drogarias. A polícia e a vigilância sanitária estão atentas e cuidam destes problemas”.
O dirigente da Anfarmag argumenta que os abusos de prescrição no setor magistral destacados nos últimos meses são exceções e a solução para coibi-los conta com apoio da entidade: implantação da informatização do controle das receitas médicas e promoção de uma discussão sobre o uso da anfetamina no país, como a recém ocorrida em São Paulo e que reuniu três dezenas de especialistas para propor uma solução para o problema. O porta-voz do JIFE participou parcialmente deste encontro.
“Como prestadores de serviço essencial à população e por sermos o canal mais relevante para aquisição de medicamentos com dosagens personalizadas, nos sentimos permanentemente integrados à discussão e solução destes assuntos, que deve ser conduzida por representantes de todos os segmentos envolvidos”, diz Hugo Guedes.
Portanto, para a Anfarmag, a responsabilidade deve ser compartilhada pela sociedade e por profissionais médicos e farmacêuticos para inibir o oportunismo e os abusos no uso de medicamentos contra a obesidade.
Sobre a Anfarmag
Criada em 1986, a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais é uma entidade sem fins lucrativos, representante do farmacêutico e do setor das farmácias magistrais. Visa defender os interesses do setor magistral e, sobretudo, da saúde pública do Brasil, além de garantir o exercício da atividade profissional do farmacêutico na farmácia magistral. O trabalho sério e objetivo da Anfarmag têm garantido a credibilidade e o respeito, além da conquista de benefícios importantes para o setor.
Com o objetivo de adequar e preparar os profissionais farmacêuticos às exigências da nova legislação do setor, bem como regulamentar a categoria, garantindo a qualidade do segmento, a entidade instituiu o Título de Especialista em Manipulação Magistral Alopática (TEMMA). A primeira edição do Título de Especialista aconteceu em 2000 com realização de análise curricular. A partir da segunda edição, que ocorreu em 2002, a sua concessão passou a ser mediante a realização de prova escrita e análise curricular. A prova do TEMMA acontece em agosto deste ano.
A atividade magistral apresentou nos últimos 20 anos um crescimento importante no cenário da saúde do país. A evolução do setor tem como base a busca dos profissionais farmacêuticos em cuidar das necessidades terapêuticas individuais dos pacientes, que nem sempre podem ser atendidas por medicamentos industrializados. O surgimento de tecnologias, de insumos farmacêuticos e a disseminação global de informações sobre fórmulas e procedimentos propiciaram a qualidade e a cientificidade aos produtos magistrais.