Após nove audiências, o juiz Nelson Augusto Bernardes, titular da 3ª Vara Criminal de Campinas, deve decidir até meados de junho o destino das 22 pessoas envolvidas no chamado Caso Sanasa que apura fraudes em licitações, desvio de recursos de serviços e obras da Serviço de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa). Das nove audiências – sendo que três foram adiadas – a última foi concluída no começo da noite de 1 de abril. Seis implicados no escândalo, que abalou a cidade de Campinas, foram convocados, mas somente dois responderam aos questionamentos do juiz e se declararam inocentes. Os outros quatro se reservaram ao direito de permanecer em silêncio. Os demais arrolados no processo já estiveram presente com o juiz. As acusações são de corrupção, formação de quadrilha, trafego de influência e lavagem de dinheiro.
Segundo o promotor do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual de Campinas, Amauri Silveira Filho, mesmo sem as respostas aos questionamentos da Justiça, os trabalhos da promotoria não foram prejudicados. “O Ministério Público tem provas robustas e consistentes que atestam o que até aqui foram investigadas e apontam a inteira responsabilidade dos envolvidos na ação”, disse Silveira Filho. A Justiça decretou a indisponibilidade de bens de seis dos 22 envolvidos e listou 126 bens imobilizados, 63 imóveis e terrenos, 55 veículos e 8 empresas. Ninguém se manifestou sobre a ação.
O processo de julgamento dos 22 pessoas é resultado da investigação conduzida pelo Gaeco foi apresentada no final de 2010 e chegou a um grupo de pessoas do primeiro escalão da prefeitura de Campinas sob a principal acusação de corrupção, formação de quadrilha que atuou no desvio de dinheiro proveniente de contratos de licitação.
Em maio de 2011 a Justiça determinaria o cumprimento de onze mandados de prisão contra membros do primeiro escalão da prefeitura, agentes públicos, secretários de governo e empresários ligados a Prefeitura e a Sanasa.
Pelo levantamento dos promotores, a então chefe de gabinete e primeira-dama Rosely Nassim Jorge Santos, seria a líder do grupo de corrupção que segundo o GAECO chegaria a R$ 210 milhões. Os outros envolvidos na ação são o ex-prefeito Demétrio Vilagra (PT), o ex-presidente da Sanasa Luiz Castrillon de Aquino que se beneficiou de uma delação premiada e contou o que sabia sobre o esquema, e ainda Alfredo Antunes, Augusto Ribeiro Antunes, Aurélio Cance Júnior, ex-secretario de Comunicações e Segurança, Carlos Henrique Pinto, Dalton Avancini, Emerson de Oliveira, ex-secretario de Comunicação, Francisco de Lagos, Gabriel Ibrahin Gutierrez, Gregório Wanderlei Cerveira, Ivan Goreti de Deus, João Carlos Ibrahin Gutierrez, João Thomaz Pereira Junior, José Carlos Cepera, Luiz Arnaldo Pereira Mayer, Marcelo Quartin Barbosa de Figueiredo, Mauricio de Paula Manduca, Pedro Luis Ibrahin Hallack, ex-secretario de controle Urbano Ricardo Chimirri Candia e Waldir Carlos Boscatto.
Ainda em 2011, no mês de agosto a Câmara Municipal de Campinas aprovaria a cassação do então prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) e em dezembro o impeachment do seu vice, Demétrio Vilagra (PT) que havia sucedido ao cargo de prefeito. Com o afastamento dos dois representantes do executivo, o cargo de prefeito foi ocupado pelo presidente da Câmara Pedro Serafim (PDT) até o final de 2012.